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por FJV, em 08.12.06
||| De facto, é o fim. [A TLEBS]













Leiam o texto de João Andrade Peres, magnífico e arrasador, publicado na edição de hoje da Actual, do Expresso (sem link). Depois deste artigo corajoso e ponderado (que não põe em causa a evidente necessidade de alterar a terminologia actual -- no que parece todos estarmos de acordo) não resta outro caminho, à Ministra da Educação, senão repensar muito seriamente tudo o que está a ser feito nesta matéria. Andrade Peres faz sugestões muito úteis (uma delas seria a de uma Terminologia da Disciplina de Português, por exemplo, para acabar com a guerra inócua entre Linguística & Literatura no Secundário), efectua uma separação das águas muito útil para que não se confunda a sua argumentação com a de alguns comentadores generalistas e ignorantes; salienta alguns aspectos positivos da terminologia; e desmonta passo a passo, ponto por ponto, a TLEBS. Em meu entender, é o fim da TLEBS (ver ainda o artigo de Jorge Morais Barbosa no JL). Seria uma vergonha se o Ministério permitisse a continuação do descalabro.

Ou podem consultar aqui uma versão mais alargada (é o site do próprio Prof. Andrade Peres, onde poderá também encontrar uma versão em pdf; aqui, sublinhados meus):

«Não,
a TLEBS deve ser rejeitada, antes de mais, porque cientificamente não merece crédito (quod est demonstrandum, obviamente). Adicionalmente, e dado o fim a que se destina a Terminologia, não é também despiciendo o facto de que, mesmo que ela tivesse mérito científico, se tornaria um objecto inútil por não ser servida por materiais de consulta sólidos, nomeadamente uma boa gramática do português de perspectiva inovadora, que não existe. Acresce ainda que a TLEBS é chocante pela sua insensatez no que respeita a extensão, pelo carácter abrupto (direi mesmo brutal) do seu modo de introdução (por oposição a um processo eventualmente faseado ao longo de anos) e pela insensibilidade que revela à importância da coesão inter-geracional, criando rupturas absolutamente inúteis.»

«[...] Em primeiro lugar,
alguns dos autores não são, de modo algum, as pessoas mais qualificadas do país nas suas áreas e estas não foram chamadas a dar o seu contributo crítico sobre o seu trabalho; em segundo lugar, alguns dos autores claramente excederam os limites das suas competências específicas, trabalhando sobre questões de que pouco ou nada entendem; finalmente, por mais elevada que pudesse ser a qualidade do trabalho realizado separadamente por oito entidades distintas (nuns casos, indivíduos, noutros grupos), só por milagre a conjugação dessas peças autónomas no todo da TLEBS poderia ter resultado em algo de coeso e consistente, quando nem uma única vez essas diferentes entidades trabalharam em conjunto para articular a nova terminologia para o ensino do português.»

«
Infelizmente, os aspectos negativos são bem mais abundantes. Dividi-los-ei em três tipos: (i) deficiências metodológicas, (ii) erros de formulação e (iii) erros conceptuais.»

«
Erros de formulação: Incluo nesta parte da minha exposição uma série de dislates que não quero imaginar que os autores assumam, se pensarem. Prefiro admitir (sem grande convicção, em alguns casos) que foram erros de formulação que não detectaram, sob as várias pressões que sempre nos atormentam. Quer isto dizer que, se assim tiver sido, eu compreenderei, mas nem assim desculpo: nem a incúria dos autores nem a fragilidade do sistema de produção da TLEBS, que nada foi capaz de filtrar.»

«[...] Lamento dizer que os comentários que aqui expendi (com a ironia que, para mim, quadra bem com tudo o que é tragicómico) mais não representam do que – acentuo bem –
uma pálida amostra do muito mais que há para dizer de negativo acerca da TLEBS, nuns casos por manifesta insuficiência ou incorrecção da informação dada, noutros por uma estreita visão do objectivo a atingir, a que faltou um rasgo de coragem para as inovações e as rupturas fundamentadas que se impunham. Apesar disso, eu quero muito não perder mais tempo com a TLEBS, ou, dito de outro modo, não quero gastar mais cera com tão ruim defunto. Só o farei se a isso me sentir obrigado (sans rancune, pois estará a rodear as reais questões quem pensar em conflitos pessoais).»

«[...] não tenho dúvidas em declarar publicamente, com plena convicção e sentido da responsabilidade que assumo, que, independentemente das partes válidas que a TLEBS contém, o conjunto que abrange a Morfologia, as Classes de Palavras, a Sintaxe, a Semântica Lexical e a Semântica Frásica – que constitui precisamente o cerne do sistema linguístico –
apresenta deficiências e lacunas de uma gravidade tal que fazem desta terminologia, tomada na sua globalidade, um objecto que não merece crédito científico, que envergonha a Linguística portuguesa e o próprio país e que não se entende como pode estar a ser introduzido no sistema de ensino. Se alguém tivesse como objectivo contribuir para tornar o ensino do português algo de odioso para os alunos, não poderia ter dado melhor ajuda.»

«
Seria interessante saber quanto já despendeu o Estado com toda esta barafunda: com autores, gabinete de apoio, materiais, deslocações, acções de formação realizadas e a realizar, etc. Note-se que não estou a dizer que o erário público não deve suportar despesas desta natureza e com os fins em causa, mas apenas a deixar implícito que tem de o fazer com critério, não esbanjando o dinheiro dos contribuintes em inutilidades, como é o caso.»

«
A falta de qualidade científica da TLEBS, aliada a uma clara ausência de sentido da realidade no que respeita tanto a professores como a alunos, faz desta Terminologia uma verdadeira calamidade que se abate sobre as escolas do país. Em conformidade, é como cidadão e como linguista que daqui apelo à Senhora Ministra da Educação no sentido de travar o insano processo já iniciado de experimentação da TLEBS. Em nome do rigor e da qualidade científica e a bem do ensino da língua portuguesa, peço-lhe instantemente que, corrigindo erros de Governos anteriores, suspenda a sua aplicação e nomeie de imediato uma comissão de peritos que faça o ponto da situação.»

«Não disse alguém que a guerra era séria de mais para ser deixada só aos militares? Pois bem, a terminologia com que todos falaremos sobre a língua que em parte nos identifica talvez mereça preocupação análoga. O que não pode acontecer é, como parece ser o caso, estar a TLEBS a ser revista pelo grupo a quem foi confiada e que já mostrou do que é capaz. Pelo menos alguns dos seus membros revelaram à saciedade não ser idóneos para continuar ligados a este processo e seria um escândalo nacional que nele se mantivessem.
Depois do que fizeram, não podem pedir que os deixem trabalhar, como se nada tivesse acontecido, devem antes saber retirar-se de cena com dignidade e discrição, assumindo que erros todos podem cometer.»

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por FJV, em 08.12.06
||| As aventuras da ERC. Opiniões do Público.
O director do Público acha que a ERC é infame. E o editorial, «A Infâmia da Censura».

Agradeço aos leitores que recordem o processo brasileiro da criação do Conselho de Jornalismo pelo primeiro governo Lula: aqui, aqui, por exemplo, ou aqui, aqui (Alberto Dines) ou aqui.

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por FJV, em 08.12.06
||| E Rubem também.












E aí está o novo livro de contos de Rubem Fonseca, Ela e Outras Mulheres (também da Companhia das Letras). Está aqui um extracto.

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por FJV, em 08.12.06
||| E, não fiquem tristes, mas há um novo Verissimo.













Leva o título A Décima Segunda Noite (edição Objetiva) e começa assim: «Mon Dieu, mon Dieu, um gravador. Deus dos papagaios, me acuda. Já ouvi minha voz gravada. Quase silenciei para sempre. É o som do caldeirão rachado com o qual pretendemos comover as estrelas e só conseguimos fazer dançar os ursos, como escreveu Flaubert sobre a linguagem. Tente dizer qualquer coisa séria, ou profunda, com voz de papagaio. Mesmo em francês. Impossible. Foi por isso que não me deram atenção, e a comédia que vou contar quase virou tragédia. Tinha paixão, traição, perfídia, sociologia. E riam, riam. Culpa da voz, minha sina. Com voz de papagaio, nada é importante, nada é trágico. Dizem que Shakespeare lia suas comédias com voz de papagaio para seus atores, que nunca entendiam o que ele escrevia. Só assim eles sabiam que não era tragédia. Não havia gravadores no tempo de Shakespeare. Quantos não devem sua fama póstuma ao fato de não haver um gravador por perto? O mundo talvez fosse outro se descobrissem que Péricles tinha a voz fina, Napoleão a língua presa e... Mas vamos à entrevista.»
Lembra-se de como começa o primeiro Verissimo? Está aqui. Sou um coleccionador das primeiras frases de Verissimo.

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por FJV, em 08.12.06
||| Motta, Motta.













Nelson Motta retoma para o título do seu novo livro um verso do hino brasileiro: Ao Som do Mar e à Luz do Céu Profundo (edição Objetiva). Sabe onde começa a história do livro? Pois, no Bairro Peixoto, em Copacabana, precisamente onde vive o detective Espinosa, o herói de Garcia-Roza. Aí está mais uma história de Rio, carnaval, bossa nova e, claro, mocinhas. Queriam o quê?

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por FJV, em 08.12.06
||| No hard feelings.
Lembram-se de Cesariny?

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por FJV, em 08.12.06
||| Copacabana de novo.












Depois de Berenice Procura, para o qual Luiz Alfredo Garcia-Roza criou a personagem Berenice, a taxista-investigadora, eis que regressa o delegado Espinosa, da DP de Copacabana, numa nova investigação, Espinosa sem Saída, edição da Companhia das Letras.

Entrevista com Luis Alfredo Garcia-Roza
publicada na revista Ler há uns tempos. E, aqui, um Espinosa de A a Z.

[O Sérgio foi o primeiro a dar-se conta desta nova aventura de Espinosa.]

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