por FJV, em 16.11.06
||| Miguel, realmente.
Estou a ler O Último Negreiro, de Miguel Real (Quid Novi). Vejo a dançar, diante de mim, os personagens de A Voz da Terra, o romance anterior. Com a grande música da ficção.
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por FJV, em 16.11.06
||| Philosophia.
Acompanhei, na Antena Um, o debate matinal sobre o fim dos exames nacionais a Filosofia; não sei -- embora esteja ao lado de um interveniente, representando a Sociedade Portuguesa de Filosofia, que achava absurda a posição do Ministério. Autores como Locke, Platão, Aristóteles, Hume, Descartes, Kant ou Rawls não podem ser considerados estranhos (como parece que acentua o ministério). Uma senhora da Faculdade de Letras do Porto disse que há um ataque à Filosofia em Portugal, desde o Marquês de Pombal «e que se agravou durante o fascismo» (porque, dizia, «lhes convém que as pessoas não pensem», o que eu gosto de teorias da conspiração). Eu acho tudo isso estapafúrdio. A verdade é que não é possível estudar filosofia sem ler os autores (sim, os clássicos também, os gregos, os medievais, os contemporâneos). O resto é História das Ideias, uma matéria que devia ser obrigatória.
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por FJV, em 16.11.06
||| Campanha.
Li o livro de Filipe Santos Costa, A Última Campanha (edição Palavra), sobre a campanha presidencial de Mário Soares, com a impressão de estar a assistir a uma tragédia a desenrolar-se à frente de Soares e em que ele acaba por ser personagem principal. Sim, há esse lado de Soares que pode cativar almas generosas, mas ele é vítima de si próprio. Sou dos que nunca lhe chamou velho, dos que nunca achou que a idade seria um argumento contra o voto em Soares. E, lendo bem o livro, reparando bem nos depoimentos dos seus conselheiros mais próximos, acho que com razão: Mário Soares não tinha envelhecido; ele transportava consigo a mesma euforia, a mesma determinação e o mesmo entusiasmo -- merecia ser tratado como igual, com igual crueldade, com igual desaforo e com iguais modos. Isso, ele não aguentou. Não percebeu que já tínhamos saldado a dívida.
P.S. - Medeiros Ferreira, percebe-se nas páginas do livro, era o verdadeiro anjo de Soares. A reportagem de Filipe Santos Costa é justa para o único homem que sempre compreendera o verdadeiro sentido do discurso de Soares no seu 80º aniversário.
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