por FJV, em 14.09.06
||| Crítica textual. Edição ne varietur.
Acaba de sair mais uma edição
da revista, com um
sumário de grande interesse. Veja-se (leia-se, perdão) o artigo de Nelson Motta sobre essa figura notável que foi Tim Maia. Sabina, Juliana e Patrícia fazem a capa e merecem -- no meio da crise da Varig (que eu já considerei várias vezes, antes do seu «desaparecimento», uma das piores companhias aéreas do mundo) elas podiam cantar «varigui, varigui, varigui...» sem problemas. Ainda não li o texto que acompanha as imagens das três hospedeiras, aliás, aeromoças, mas mereciam um avião. Há ainda uma lista dos cinquenta melhores discos brasileiros de sempre.
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por FJV, em 14.09.06
||| What’s in a name.
Esta manhã, na rádio, ofereciam bilhetes para um jogo de futebol do próximo fim-de-semana. Passatempo habitual. O vencedor é de Sta. Comba Dão e chama-se João Eichmann.
«Então diga-me lá, qual a origem desse nome?»
«Alemã, a origem é alemã.»
«E já foi à Alemanha?»
«Nunca.»
«E não tem curiosidade de conhecer as raízes da sua família?»
«Nem pensar. Não estou nada interessado.»
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por FJV, em 12.09.06
||| Alguma razão.A questão, meu bom
Tiago, não é que os «darwinistas se entretenham» com as suas
perigosas ideias ou «andem entretidos», ou que os
criacionistas de pacotilha «nos entretenham». O que acontece é que os papéis se inverteram e não hás-de gostar, daqui em diante, de – criacionista como és – ser considerado adepto de
teorias da conspiração mesmo tendo de recorrer a Santo Anselmo. Os rabinos de Meah Sharim queimaram em público exemplares do
Parque Jurássico porque está estabelecido que o mundo começou há exactamente 5766 anos. Sempre dá garantias, isso. Stephen Jay Gould, que era judeu, de resto, via aí um problema: se o Criador está ausente desde então, como explicar a vitória dos New York Mets no campeonato de 1969 (George Burns diz que foi o primeiro milagre incontestável desde que o mar Vermelho se abriu)?
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por FJV, em 12.09.06
||| Prós.
Se acham que foram os americanos a mandar os aviões contra o WTC, eu acho bem. É preciso que assentemos numa verdade. Se acham que cada um de nós tem culpa dos crimes do fundamentalismo e anda a humilhar o Oriente e o Magrebe, transformemos isso numa verdade inquestionável (basta ouvir os noticiários). Paguemos a Kadhafi, como ele exige, para evitar que a emigração do outro lado do Mediterrâneo chegue às praias de Espanha e de Itália (chantagem por chantagem, o melhor é pagar ao chantagista directamente em vez de votarmos depois de fazerem explodir Atocha). Consideremos que o uso da burka e a excisão feminina são apenas questões de natureza cultural e que, no fundo, são reacções contra a arrogância ocidental e as pernas de Mary Quant, essa vaca imoral. Claro que estamos de acordo em que o Ocidente tem falta de Deus e que Maomé tem lições a dar-nos, ele e os outros profetas de vária procedência; o criacionismo integrista está aí para nos salvar. Vigiemos os caricaturistas, vigiemo-los bem. Claro que andamos a irritar o mundo das mesquitas fundamentalistas; aceitemos, portanto, a bondade de nova fatwa contra Rushdie e, mesmo agora, contra Mahfouz. Eles têm razão quando escrevem, nos cartazes, «Freedom Go to Hell» ou «I love Al Qaeda»; temos de ser compreensivos. Aliás, ainda não está provado que a Al Qaeda exista. Bin Laden não é apenas uma invenção americana: é um Zorro libertador das massas, um produto de Hollywood; o verdadeiro Bin Laden é um canadiano da Guarda Montada que se limita a pedir a proibição dos Simpsons, o resto é invenção. Claro que o fundamentalismo muçulmano é compreensível (está longe). Os israelitas são ensinados nas escolas a matarem crianças árabes, como toda a gente sabe, basta ler os Protocolos dos Sábios de Sião, que é (ao contrário do que diz a propaganda sionista) um documento histórico; por isso é que eles precisam da sua dose diária de sangue; aliás, muitos deles não vieram do centro da Europa e daquelas terras do Drácula? Qual é o mal de o pessoal de Finsbury Park pregar contra a democracia inglesa e pedir bombas no metro de Londres? Nós não pregamos contra as tiranias do Médio Oriente? A ideia de que o Califado deve ser restabelecido, para cá do Guadalquivir, até ao Mondego e à Faculdade de Economia de Coimbra, não está senão justificada pela história. O Ocidente, como aliás diz Ratzinger, está minado pela falta de Deus e pela presença do Satã laico e racionalista; por isso, é necessário sermos compreensivos para com os sentimentos religiosos que autorizam o apedrejamento de apóstatas, a lapidação de mulheres, adúlteros e homossexuais ou a mutilação de infiéis; é o regresso da religião. Mesmo que o Irão, o Hamas e o Hezbollah, mais a Irmandade Muçulmana afirmem que um dos seus objectivos é a eliminação do estado de Israel, quem somos nós para defender o desarmamento do Hezbollah? Os americanos são boçais, obesos, comem hamburgers, acreditam que há uma colónia de extraterrestres no deserto do Novo México onde fundarão uma nova Las Vegas, falam nasalado e usam botas texanas; esse é, ou não, um argumento suficiente para os termos como inimigos? É. E, além do mais, devia-lhes ser retirado o direito de voto. A tolerância faz mal ao Ocidente; tem enfraquecido a sua moral. A liberdade de imprensa do Ocidente pode ser ofensiva; limitá-la para não ofender os xeiques de Jakarta, os rabis de Meah Sharim ou os maluquinhos do Utah é um imperativo. A pobreza conduz ao bombismo; temos de ser compreensivos para com o bombismo. Em África não há bombistas, mas apenas porque não têm dinheiro saudita ou wahabita para fazer bombas e, na verdade, não estão preparados para a democracia, o que nos leva a termos que ser compreensivos para com as tiranias, os seus abusos e a corrupção dos governos. Podemos enviar dinheiro; é falso que os militares e os tiranos desviem esses dinheiro das populações para proveito próprio. Bush teve uma falsa revelação divina; o profeta John Smith apareceu-lhe em sonhos mas falou-lhe em inglês erudito; o gabinete de Bush faz orações antes de reunir, mas ele cruza os dedos por debaixo da mesa.
Espero que, para já, isto seja o suficiente.
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