||| Leitura: o caviar.O livro é uma preciosidade:
Caviar. A Estranha História e o Futuro Incerto da Iguaria mais Cobiçada do Mundo, de Inga Saffron (edição brasileira na Intrínseca). Conta a história do caviar, mostra como as ovas de esturjão tiveram influência em questões geopolíticas e como a cobiça está a destruir o peixe pré-histórico («Duzentos e cinquenta milhões de anos antes do surgimento dos seres humanos, os esturjões já subiam os rios do planeta. Esses peixes são mais velhos do que os dinossauros. [...] Os cientistas chamam-lhes fósseis vivos porque pouco mudaram ao longo dos milénios.»).
Escrevia Milorad Pavic, no
Dicionário Khazar: «Os khazars acreditam que nas profundezas escuras do mar Cáspio existe um peixe sem olho que marca, como um relogio, a única hora certa do universo.»
De Ovídio a Dumas, de V. Khlebnikov, Estaline, Lenine ou Aristóteles a Nikolai Gogol -- tudo sobre o caviar. E a lembrança da imposição de Churchill, em 1941, a Lord Beaverbrook (enviado à URSS para discutir a guerra com Estaline): que traga um acordo e onze quilos de caviar, «do bom». Lembram-se de
Brideshead Revisited e daquela refeição esplêndida, de
blinis com caviar? Evelyn Waugh dava o tom: «as natas e a manteiga quente misturavam-se, separando, um a um, cada grão esverdeado de caviar, cobrindo-o de branco e dourado».