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||| A ortografia.
Leio um livro sobre «erros ortográficos» (voltarei a falar dele). Mas o que mais impressiona é o levantamento de erros ortográficos e sintácticos cometidos nos manuais escolares. A literatura é menos prejudicial.
||| Tal como na vida.
Tal como na vida, a blogosfera fica mais vazia em Agosto. É uma altura em que vale a pena andar pelos blogs. Agora, no período entre Natal e Novo Ano e, salvo erro, domingos fora. Aproveitar os fluxos de pouco trânsito, como na vida, no acesso às cidades, nas estradas concorridas.
«Fiquei um pouco perplexa com o texto e sem conseguir ler bem as entrelinhas para perceber o grau de ironia. Never mind! Li a notícia e, pelo menos aqui estou de acordo com o Francisco, cada um dever viver e querer viver onde lhe apetece. Se ela acha que consegue fazer Belgais em São Salvador, desejo-lhe sorte, mas confesso (séria amante de música clássica que sou) que Belgais e o seu conceito, por muito mérito que tivesse, me fez sempre comichões (eu tenho uma sensibilidade cutânea assinalável). Nunca percebi porque é que ela (MJP) esteve sempre à espera de salamaleques e subsídios, tratamentos de excepção, glórias e reconhecimentos sentidos, por um projecto todo seu, num país como o nosso, em que pura e simplesmente o Estado deveria deixar de subsidiar tanta porcaria por aí, e em que os contribuintes não sabem distinguir Mozart de Mahler (muitos nem sabem quem são). O apreço com a música clássica é da mesma ordem que o apreço pelos "clássicos" e anda de mão dada com os níveis de literacia. MJP tem a sorte e mérito seu, claro, de ver as suas qualidades reconhecidas pelo mundo e teve a sorte e mérito seu, claro, de ter ganho muito dinheiro. Belgais foi uma opção sua, neste tempo, naquele sítio, com os seus objectivos... E se o mundo é como é, Portugal não escapa dessa máxima. Se Belgais tivesse sido noutro local, quem sabe!» [Joana C. D.]
«Não percebo o porquê da sua decisão, e apesar de discordar consigo muitas vezes, acho que o direito ao contraditório é e será sempre um pilar fundamental da democracia. Energúmenos sempre houve e haverá, mal educados idem aspas. Mas acredito que para combater a estupidez a melhor forma não é a mordaça. é sim o confronto intelectual.» [Luís Sebastião]
«Consigo entender a sua irritação com o lixo que lhe cai na caixa de comentários. Comentei uma mão quase cheia de vezes no seu blog, e julgo (ou espero) nunca lá ter deixado lixo. Sei que deixei alguma inanidade. No entanto, e para tentar dar alguma importância ao lixo, tento fazer notar que na ouverture de A Origem das Espécies, você cita Darwin para frisar que quer "consider the value of the differences between the so-called races of man". Sinceramente, o lixo é tão fundamental para este propósito como qualquer centelha de razão, lucidez ou inspiração.
Ainda acerca disto, gostaria de dizer que considero a caixa de comentários de qualquer blog como um espaço onde o comentador tem o dever de ser minimamente pertinente acerca do post específico que está a comentar, mas também o direito de fazer publicidade ao seu próprio espaço. Acho a atitude "deixas-me dizer ao mundo que existo?" legítima por parte do blogger comentador e acho ainda a atitude "vá lá, diz lá ao mundo que existes" um sinal de extrema generosidade por parte do blogger comentado. Já deixei comentários em alguns posts (alguns seus também) com este duplo propósito. Espero um dia poder retribuir o favor, ajudando alguém a erguer-se acima da linha de visibilidade. Lamento por isso o desaparecimento da sua caixa de comentários. Como porta de entrada e saída para e de A Origem das Espécies, era tão bonita como a do Hopper no final do Aviz; mas há um mérito: um comentário deixa-se com alguma impunidade no que diz respeito à relativa leviandade e inanidade do seu conteúdo. um email redige-se e envia-se com alguma reflexão. Suponho (ou espero) que lhe seja mais compensadora a leitura da correspondência do que a leitura dos comentários.» [C.O.]
«“Não tem a ver com a publicação de opiniões contrárias, no espaço do blog destinado aos comentários -- nunca houve censura.” Já alguma vez ouviu um bêbado, no meio de uma discussão, assumir que estava bêbado? Já ouviu algum «tolinho», no meio de uma discussão, assumir que era «tolinho»? Por acaso os ditadores confessam-se como tal, ou os terroristas assumem que praticam actos terroristas? Já alguma vez ouviu um fanático assumir-se como tal? Um lunático? Um psicopata? Tem toda a liberdade de acabar com os comentários no seu blogue mas as justificações dessa natureza, dispensam-se... [Armando B.]Sobre We Authors:
«Concordo com a ausência dos comentários, mas não se estará a perder uma das "raras" virtudes dos blogues: a interactividade entre autor e leitor? Bem, pelo menos existe este endereço que pode ser activo e restaurar a dita. Quanto aos "insultos e asneiras despropositadas" é infelizmente uma questão cultural que ainda não conseguimos ultrapassar.» [Carlos Arinto]
«Lamento mas compreendo o encerramento da caixa de comentários do A Origem das Espécies. Lamento, porque a intolerância é sempre lamentável. Compreendo, porque até a mais tolerante das pessoas pode ser "obrigada" à intolerância.» [José Moreno]
«Entendi este post como uma manifestação de estupefacção e um protesto contra um ligeiro escândalo, mas reparei que teve o cuidado de não o dizer de forma explícita. no entando, e partindo do princípio que a minha percepção do post está correcta, deixe-me dizer-lhe que como escândalo, não é inédito. a literatura tem beneficiado de um considerável grau de protecção por parte da recensão crítica jornalística (jornais e blogosfera) e televisiva sem paralelo noutras formas de criação. na música séria (ou clássica, ou escrita, ou como quiser chamar-lhe), há anos que (nós, compositores) vemos obras e compositores fenomenais serem olimpicamente ignoradas/os, enquanto agentes do entretenimento (vulgo músicos pop) são glorificados em horário nobre. Há anos que vemos Ligetis, Xenakis e Berios a morrer sem glória mais que merecida para compositores daquele calibre e chicos buarques, ruis velosos e tonis carreiras (sim, sim, estão todos no mesmo saco por muito difícil que seja de ouvir) apelidados de compositores. portanto, que alguém chame "escritora" à senhora Paula Bobone ou a outros e outras que tais, para mim não é novidade.» [César O.]
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