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por FJV, em 18.06.06
||| Brasil-Austrália,3.







Escreve, por mail, o Bruno Vieira do Amaral (e eu apoio inteiramente):
«Este Brasil, uma Alemanha que equipa de amarelo, é uma vergonha. A Alemanha sempre tem a desculpa de ser a Alemanha. O Brasil não se pode desculpar. Se onze Dungas estivessem em campo, uma pessoa compreendia. Assim, ninguém percebe. Argumentam os resultadistas que o Brasil sem magia ganhou duas de três Copas. Eu digo que não havia necessidade de jogar tão pouco. É provável que o Brasil venha a ganhar mais este Mundial. Os adeptos gritarão mas será como um orgasmo sem preliminares. Um orgasmo tão longe dos preliminares como a equipa de 94 da equipa de 82. O corpo estremece e arrepia-se mas acaba a vertigem e não fica nada para recordar. No dia seguinte, estarão todos os brasileiros já a pensar no orgasmo seguinte, daí a quatro anos. Por isto, o Brasil, outrora amante, sambista, malandro, virou corno, sem jeito, conservador. Ronaldinho, menino no Barcelona, é pai de família na canarinha. O que interessa é pôr o pão em cima da mesa. Nada de humilhar os adversários. Sejam eles croatas, australianos ou esquimós, é tudo gente que merece respeito, gente de trabalho duro. Com esta ditadura espartana no futebol, com a putativa melhor selecção do mundo imbuída de ética protestante, não admira que os tempos não sejam os melhores para os rebeldes, para os inconscientes, para os artistas. Os comentadores da imprensa internacional foram unânimes em considerar que Cristiano Ronaldo exagerou nos efeitos sem qualquer utilidade prática. O mesmo que dizer que o melhor de um quadro de Picasso é tapar o buraco na parede. Toda a arte é inútil. É um fim em si mesmo. Qualquer jogador, à excepção do Secretário, pode atrasar uma bola. Só os da estirpe de Ronaldo podem fazê-lo depois de fintar dois adversários. Não podemos louvá-lo por ele se cansar só para nos divertir? Quantos o fazem? Jesus Cristo cansou-se de levar pancada, até à agonia na cruz, para nos salvar. Cristiano não é filho de Deus. Não podemos esperar que ele nos salve, mas convém não crucificá-lo por ele nos divertir.
P.S: A crítica diz que C. Ronaldo joga para a bancada. É como a crítica que reprova o best-seller por ser best-seller

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por FJV, em 18.06.06
||| O cantinho do holigan. França-Coreia.
Já me esquecia: a França empatou de novo. Notícias destas alegram qualquer um. Dão ânimo.

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por FJV, em 18.06.06
||| Reformistas e revolucionários.
Escreve o Bruno Cardoso Reis:
«Nestas coisas da selecção parece que há os revolucionários, como o Francisco José Viegas, que queriam tudo de um vez e Portugal a jogar como a Argentina já. E depois há os reformistas, como o Nuno Sousa, que se contentam que pelo menos nos vamos esforçando no sentido certo. Eu estou com os reformistas de cabeça e com os revolucionários de coração.»
Bom. O seguinte. Queria Portugal a jogar o melhor possível. Agora, se o possível não for bom, não me importo que se assinalem «os três pontos». Mas não me venham, ao fim do primeiro jogo, com a defesa da «margem mínima». Mais valia que dissessem: «Sim, jogámos mal, e depois? Nós, pelo menos, ganhámos. Depois se verá, isto está difícil.» Isso, eu aceitava.
E os jogadores que não se queixem da imprensa, por favor.

Já agora: reparem numa equipa que tem Deco, Maniche, Costinha, Figo e Ronaldo. O jogo é completamente diferente da que jogou com Angola e da que perdeu duas vezes contra a Grécia. E reparem nos movimentos da equipa depois de terem saído Figo, Deco e Maniche.

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por FJV, em 18.06.06
||| Revista de blogs. Tenham inveja.
«Cristiano Ronaldo: o único português que tenta entrar na baliza adversária a dar toques e sem deixar a bola cair no chão.»
{Francisco Trigo de Abreu, no Mau Tempo no Canil.}

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por FJV, em 18.06.06
||| Brasil, Austrália, 2.
1. Já não vão assobiar Ronaldo nos próximos minutos; ele deu a bola para Adriano marcar.
2. Aos 62', tudo volta ao mesmo, apesar de Kewell.
3. Por uma rádio brasileira ouço «Deus está nos ajudando»; só isso explica que a equipa não mude mesmo depois de sair Ronaldo. O deus dos Atletas de Cristo é um chato, o do futebol brasileiro é um conservador que só conhece as «Melodias de Sempre». Robinho deu mais velocidade mas o xadrez é o mesmo. Técnica Zagallo. Só a boa qualidade dos jogadores (à frente) vale.
4. Um teorema desta fase do Mundial: ser «quase brasileiro», querer que o Brasil ganhe -- e ver o Kaká enviar a bola à barra sem pular na cadeira. Uma tristeza, confesso envergonhado. Mesmo quando Fred marca o segundo.

Para supersticiosos.

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por FJV, em 18.06.06
||| Brasil, Austrália, 1.
1. Aos 15’ já me apetecia que a Austrália tivesse marcado, para dar um “empurrão” aos brasileiros. Digo-vos porquê: acabo de ver Zagallo aos berros no banco. Zagallo substituiu Raí por Edmundo “o Animal” num jogo no Maracanã, à minha frente. Ficou tudo dito.
2. “Todo o mundo” diz mal de Ronaldo. Também me apetecia que ele marcasse um golo e não o assobiassem só a ele, até porque, aos 22’48’,’ Cafu dá a bola a Dida, desde o meio campo. Primeira assobiadela. Assobiem mais vezes. Se fossem 11 cangurus a sério a jogar contra este grupo de pagode vestido de amarelo, já tinham furado aquela muralha de areia.
3. O juiz chama-se Markus “Ubiratan” Merk.

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