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por FJV, em 02.06.06
||| Rússia.
Só para desviar as atenções, mas com alguma utilidade. Vale a pena passar periodicamente pelo blog de José Milhazes, o correspondente do Público e da TSF em Moscovo, o Da Rússia.

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por FJV, em 02.06.06
||| Mais Cecília Meireles.

Por que me falas nesse idioma? perguntei-lhe, sonhando.
Em qualquer língua se entende essa palavra.
Sem qualquer língua.
O sangue sabe-o.
Uma inteligência esparsa aprende
esse convite inadiável.
Búzios somos, moendo a vida
inteira essa música incessante.
Morte, morte.
Levamos toda a vida morrendo em surdina.
No trabalho, no amor, acordados, em sonho.
A vida é a vigilância da morte,
até que o seu fogo veemente nos consuma
sem a consumir.

[Por sugestão do George Cassiel.]

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por FJV, em 02.06.06
||| Cecília Meireles. (Às vezes eu leio demasiadas vezes este poema, mas não há remédio, e de tempos a tempos aparece aqui.)










«Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor./ Outras vezes encontro nuvens espessas./ Avisto crianças que vão para a escola./ Pardais que pulam pelo muro./ Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais./ Borboletas brancas, duas a duas,/ como refletidas no espelho do ar./ Marimbondos que sempre me parecem/ personagens de Lope de Vega./ Às vezes, um galo canta./ Às vezes, um avião passa. [...]» [Cecília Meireles]

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por FJV, em 02.06.06
||| Falar para a imprensa.
«Pois que agora temos que falar todos os dias?», perguntava Luís Figo aos repórteres que lhe mendigavam, à porta do estágio de Évora, o favor de uma declaração, uma declaraçãozinha que fosse, sobre as pubalgias, os metatarsos, o mister, o 4x4x2, o grupo de trabalho, seja o que for. Os jornalistas ficaram magoados. Mas não devem. Eles aceitaram «cooperar» com o Clube Portugal. Estão lá para servir de altifalante do que o Clube Portugal quer dizer, quando quer dizer, se quer dizer. «Pois que agora temos que falar todos os dias?»

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por FJV, em 02.06.06
||| Causas nacionais.
Só não percebo por que razão o envio de militares portugueses para Timor é uma questão nacional, e por que motivo as nossas (implícitas, explícitas) críticas à falha de governação em Timor são correctas -- e, ao mesmo tempo, a Austrália é acusada de ingerência nos assuntos internos do país. Se queriam o petróleo para a Galp, tivessem actuado mais cedo. Mas não venham com a moral.

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por FJV, em 02.06.06
||| Câmaras ocultas.
Percebo o argumento das câmaras ocultas a propósito da reportagem da RTP sobre violência nas escolas. Mas o que me assusta (é uma maneira de dizer) é que isso é uma maneira obtusa de poupar as boas consciências à realidade da violência nas escolas. Quem nunca viu um professor agredido, pode duvidar; e quem não conhece histórias dessas, pode duvidar ainda mais. Há várias histórias em que o Ministério da Educação, em nome «da inclusão», se tem recusado a intervir e a punir as criancinhas, obrigando o professor (as professoras, nas duas histórias brutais que conheço) a não reagir -- até porque os pais iriam esperá-lo à saída, e porque o professor está lá para levar os estalos que a rapaziada lhes quer dar, até por motivos de inclusão social. Vão lá, vão.

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por FJV, em 02.06.06
||| Dias assim.









Sim, vejam bem. E acrescentem. O dia nacional do idiota. O dia nacional do catador de pulgas. O dia nacional do ejaculador precoce. O dia nacional da leitora do Pantagruel. O dia nacional do Totoloto. O dia nacional da relva & do escalracho. O dia nacional do esgaramanteador de laustríbias. O dia nacional do dobrador de guardanapos. O dia nacional do agente de viagens. O dia nacional das bombinhas de cheiro. O dia nacional da mosca tsé-tsé. O dia nacional da magnólia & da japoneira, ou camélia, como entenderem. O dia nacional do que não fode nem sai de cima. O dia nacional da unha do dedo mindinho comprida. O dia nacional do frequentador da cervejaria da Trindade.
{Aceitam-se sugestões.}

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por FJV, em 02.06.06
||| Pós-escrito.
Não. O Plano Nacional de Leitura tem a ver com o Ministério da Educação. Não deve ter a ver com o Ministério da Cultura.

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por FJV, em 02.06.06
||| Notícias & leituras.











1. O livro de Luís Quintais, Franz Piechowski (Cotovia), para além da sua poesia -- uma parte da sua tese, leitura de uma excelente narrativa em torno da psiquiatria forense.
2. O livro O Coração dos Homens, de Hugo Gonçalves (Oficina do Livro), que merece atenção.
3. Curioso, o livro de Filomena Marona Beja, A Duração dos Crepúsculos (Dom Quixote) e a forma como fala da obra de Pedro Nunes (De Crepusculis), da matemática, da astronomia -- e de Virgínia Castro Almeida e suas paixões.
4. O desfile de indignações e a confirmação de que em Portugal não gostamos de debater mas de nos indignarmos. Em vez de ir à luta, saímos de campo sem discutir, mas indignados. A indignação é uma indústria em crescimento. É muito fácil e com custos baixos -- e resultados garantidos.
5. Uma passagem pelo Portal da Literatura, que começou agora.
6. Ao fim de um mês de acontecimentos em Timor, começamos agora a saber o que se passa. Mas o que se passou realmente só daqui a uns meses se saberá.
7. O folhetim do Ministério da Educação; outro desfile de indignações. A face mais visível do processo é a ideia de a avaliação dos professores poder depender da «ficha preenchida pelos pais». Pessoalmente acho isso um disparate.
8. Uma boa notícia sobre o machismo oficial dos tribunais e as decisões contra os pais/homens impedidos de ver filhos depois do divórcio. Não percebo porque razão os tribunais, num processo de divórcio, não começam por questionar o «direito» de as mães ficarem com os filhos, e não os pais. Não me venham com o direito ao corpo e o direito aos filhos.
9. A surpresa pela «surpresa» de Saramago ter dito o que disse a propósito do Plano Nacional de Leitura.
10. No Diário de Notícias de hoje, Maria José Nogueira Pinto menciona um documento dos professores espanhóis onde estão identificados os quatro mitos fundadores do atraso no ensino actual: «O mito de aprender fazendo; o mito da igualdade; o mito do professor amigo; o mito da educação sem memória.» Não conheço o documento, mas reconheço estes mitos na ideologia fundadora do discurso dos ilustres pedagogos portugueses.

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por FJV, em 02.06.06
||| Lamber sabão.
Li esta notícia através da Ana, e acho que é legítimo que mandemos esses cavalheiros lamber sabão. É uma maneira de dizer.

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