||| Drummond e João Cabral.Às vezes ficamos comovidos. Quando quase cem pessoas, ao fim da tarde, se juntam
em redor destes cavalheiros.
Uma palavra sobre o trabalho de Abel Barros Baptista, que é o director da
Colecção Curso Breve de Literatura Brasileira. O trabalho de Abel Barros Baptista como professor, ensaísta e também, nessa medida, divulgador da literatura brasileira, tem sido demasiado importante para que o ignoremos ou passemos em frente sem distingui-lo com mais paciência. Salvo erro, a maior parte, senão a quase totalidade dos estudos de literatura brasileira entre nós, até aos anos 90, reduzia-se a uma espécie de estudos comparados sobre Portugal & Brasil como realidades mais ou menos próximas. Os estudos de literatura brasileira, na maior parte da sua expressão e extensão, eram uma alínea nos chamados
estudos da lusofonia em que a literatura brasileira, propriamente dita, nunca aparecia como um mundo autónomo, independente, e, penso eu, fascinante. Isso acontecia como a revelação de uma espécie de pudor diante de uma literatura que teve os seus momentos altos em Portugal e os seus autores mais divulgados – mas de que não conseguíamos acompanhar o andamento nos anos mais recentes. Abel Barros Baptista tratou a literatura brasileira como literatura brasileira, sem anexos que a fizessem reverter à chamada
corrente da lusofonia. Se lhe devemos (“dever” é uma maneira de dizer) o facto de ser um dos críticos e ensaístas mais significativos dos últimos anos, também gostava de, pessoalmente, lhe ficar a dever um interesse notável pela literatura brasileira.