||| Estado em todo o lado. Dois em um.1. Onde o Estado pode não fazer falta, ele aparece. O
VLX chama a atenção para a resolução de conflitos laborais, que «vão passar a ser resolvidos por mediação, dispensando-se a intervenção dos Tribunais. Um terceiro, mediador, supostamente imparcial mas necessariamente indicado pelo Governo, irá resolver toda situação». Evidentemente que ainda não está esclarecido o que vai acontecer quando uma das partes do conflito for o Estado, ou o Governo.
2. No
final do post, o Vasco escreve que «a oposição limita-se a escarafunchar o umbigo e a assobiar para o lado; e o país em geral assiste impávido, sereno, calado e estúpido». Esta ideia do país impávido lembra-me o desacato da polícia a entrar em Camarate, armada para revolver o bairro à cata de armas ilegais, e dos resultados chinfrins dessa busca anunciada pelas rádios, acompanhada pelas televisões. O país assistiu impávido porque quer segurança nas ruas e tranquilidade nos bairros, claro; é um direito constitucional e um desejo fundamental. Mas, dada a fraca colheita de armas ilegais ou legais realizada, podemos dizer que a invasão foi apenas aparato para as televisões e desacato para os moradores. Não vimos protestos capazes por parte da esquerda (nem sequer murmúrios por parte da direita). Os cidadãos de Camarate são menos do que os outros, ou os direitos dos cidadãos são para serem avaliados caso a caso? Será por haver muitos pretos e brasileiros lá? Ou a polícia não pode vigiar e investigar antes de actuar para as câmaras de televisão? Mas, seja como for, eu, que quero o Estado na Cova da Moura, em Camarate, onde for, quero que seja um Estado decente, sem espectáculo. Que não se meta onde de não deve e que apareça capaz onde deve estar.