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«O que muita imprensa e opinion makers mais gostam de focar são os problemas de corrupção, da falta de democracia e da violação dos direitos humanos. Estão de tal forma obcecados nesse registo que não se percebe bem se estão mesmo interessados em descodificar os contornos reais da actualidade angolana e se estarão verdadeiramente determinados em apoiar a reconstrução nacional, a reinserção social e a normalização política e cívica que a paz tornou possível. [...] É preciso bom senso nesta floresta opinativa e, por vezes, nas cortinas de fumo que se pretendem lançar sobre Angola, que só prejudicam desnecessariamente a percepção e as relações entre os dois países. Se Portugal não faz juízos de valor em relação a outros países, porque simplesmente não tem de se intrometer nos assuntos internos de Estados soberanos, por que razão havia de o fazer em relação a Angola?»Meu Caro José Lello: depreendo que o último livro de Pepetela, por exemplo, é uma grande prova de falta de patriotismo do escritor angolano, ao preocupar-se com «a corrupção, a falta de democracia e a violação dos direitos humanos». E que a obra de José Eduardo Agualusa, que se preocupava com «corrupção, falta de democracia e violação dos direitos humanos» quando ainda o PS cabeceava entre UNITA e MPLA, é totalmente anti-patriótica. Evidentemente, como são angolanos, o Estado local pode tratar-lhes da saúde à vontade.




«O relatório do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, que denunciou os 40 integrantes da quadrilha-companheira que saqueou as arcas públicas, é uma peça que merece respeito. Todas as pessoas que já praguejaram contra as pizzas da Câmara dos Deputados e duvidaram do vigor das instituições nacionais devem tentar lê-lo. É um cartapácio de 52 mil palavras, equivale a três vezes e meia o tamanho do conto “O Alienista”, de Machado de Assis. Falta-lhe o estilo da história de Simão Bacamarte, mas não é daqueles textos em dialeto juridiquês. Chama o que foi núcleo duro de quadrilha e organização criminosa. Caixa dois, dívidas de campanha e outros eufemismos são designados pelo que foram: desvio de recursos públicos, concessões de benefícios indevidos a particulares em troca de dinheiro e compra de apoio político. Quem se ofendeu com o exibicionismo de alguns parlamentares nas CPIs deve a atenção da leitura aos servidores que agiram longe dos holofotes. Quem se considerou insultado pelas manobras-companheiras, pelos depoentes emudecidos e pelas mentiras deslavadas, vê a história contada como ela foi, com início, meio e (quase) fim. Faz bem ao cidadão. A quadrilha é mostrada nas suas características cinematográficas. […]
Foi esse tipo de trama que Nosso Guia [Lula] desprezou, dizendo que estava de saco cheio de denúncias. Afinal, segundo ele, o que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente. Lendo-se o relatório sente-se uma ponta de amargura quando se recorda que o presidente da República disse que neste país, “está para nascer alguém que venha querer discutir ética comigo”. A quadrilha montou um esquema de Ocean’s Eleven (sem Brad Pitt), mas estava mais para a turma do Assalto ao Trem Pagador (com Tião Medonho).»
Marcos Sá Corrêa: «O procurador Antônio Fernando de Souza botou o país de pernas para baixo e cabeça para cima. [...] Nem o presidente Lula, que até a semana passada pisava nos rastros distraído, pode continuar a fazer de conta que não sabe o que aconteceu. Caixa dois de campanha uma ova. Tecnicamente, o que seu governo fez foi organizar uma quadrilha. Ela roubou e corrompeu para financiar “um projeto de poder”. O chefe da quadrilha era o ex-ministro José Dirceu, que até cair de podre no ano passado comandou o bando de um gabinete instalado no palácio do Planalto, a caverna de Lula. E o chefe do chefe era Lula, o “nosso guia”dos 40 ladrões, como entendeu, em cima do laço, o humorista Chico Caruso.»

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