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por FJV, em 16.03.06
||| Camilo. 16 de Março de 1825.



















Camilo Castelo Branco nasceu a 16 de Março de 1825.

«A história natural e social de uma família no tempo dos Cabrais dá fôlego para dezassete volumes compactos, bons, de uma profunda compreensão da socieade decadente. Os capítulos inclusos neste volume são prelúdios, uma sinfonia offenbachiana, a gaita e birimbau, da abertura de um grande charivari de trompões fortes bramindo pelas suas goelas côncavas, metálicas. Os processos do autor são, já se vê, os científicos, o estudo dos meios, a orientação das ideias pela fatalidade geográfica, as incoercíveis leis fisiológicas e climatéricas do temperamento e da temperatura, o despotismo do sangue, a tirania dos nervos, a questão das raças, a etologia, a hereditariedade inconsciente dos aleijões de família, o diabo!
O autor trabalha desde anteontem no encadeamento lógico e ideológico dos dezassete tomos da sua obra de reconstrução, e já tem prontos dez volumes para a publicidade. Mas é necessário a quem reedifica a sociedade saber primeiro se ela quer ser desabada a pontapés de estilo para depois ser reedificada com adjectivos pomposos e advérbios rutilantes. Para isso, o primeiro avanço é pô-la nua, escrutar-lhe as lepras, lavrar grandes actas das chagas encontradas, esvurmar as bostelas que cicatrizaram em falso, escoriá-las, muito cautério de frases em brasa. É o que se faz nas folhas preliminares desta obra violenta, de combate, destinada a entrar pelos corações dentro e a sair pelas mercearias fora.» [Eusébio Macário]

«Não ousa o autor dar-se alguns dos seus livros como modelo de si mesmo: sem razão seria pensarem que ele dá esta, ou outra obra, como pauta e exemplar a estranhos. Pediria, isso sim, que se fizessem romances, como se pintam paisagens, de modo que o merecimento de tais escritos assentasse na felicidade da cópia, tal que cada leitor visse nela seu modo de sentir ou a reminiscência de algum quadro, mais ou menos análogo, que alguma vez se lhe ofereceu.» [Doze Casamentos Felizes]

«Mulher escritora, por via de regra pouco exceptuada, é um homem por dentro. O coração, que devia ser urna de suavíssimas lágrimas, faz-se-lhe botija de tinta; e as doces penas da alma metalizam-se-lhe aguçadas em penas de aço. O fuso de Lucrécia e da rainha Berta desfez-se em canetas. Em vez de tecerem o seu bragal, urdem intrigas. Suspiram publicamente em 8.º português, 250 páginas; e quando não suspiram, bufam cóleras represadas; dizem que têm ideias, que se querem emancipar, muito escamadas, naturalistas, com um grande ar de pimponas que entraram no segredo dos processos; e, se não batem nos homens, não é porque eles o não mereçam. O amigo de madame, esse, tem de apanhar do sexo, mais hoje, mais amanhã.
Dom Francisco Manuel de Melo tinha razão – Mulheres doutoras, autoras e compositoras dava-as ao Diabo. É triste coisa – prossegue o moralista do Hospital das Letras – que estejais com vossa mulher na cama, na mesa, ou na casa, e andem lá pelas tendas mil barbados perguntando por ela.
Não há feminilidades que se respeitem desde que a mulher se masculiniza, e, como escritora virago, salta as fronteiras do decoro, sofraldando as espumas das rendas até à altura da liga azul-ferrete. Mau! começo a ser muito sério e metafórico. Por aqui me fecho.» [A Senhora Ratazi]

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por FJV, em 16.03.06
||| De qualquer modo.
De qualquer modo, é curioso ter um primeiro-ministro à direita da esquerda e um Presidente à esquerda da direita.

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por FJV, em 16.03.06
||| Regresso.
1. Não me comove nada que Soares tenha abandonado a tomada de posse com o ar dele. Ou que seja quem for não tenha aplaudido o discurso do novo Presidente (que apoiei e no qual votei, fica dito) – coisas como «tomada de posse» ou «discurso inaugural» têm uma carga simbólica que não está sujeita à manobra política quotidiana. São interrupções antes dos verdadeiros primeiros gestos, que hão-de vir a seguir. Em Portugal discutem-se muito os momentos simbólicos como questões de pompa e estratégia. Infelizmente, da «tomada de pose» resultam muito poucos sinais sobre o que se passará daqui a meses. Na verdade, a «tomada de posse» é entre nós uma chatice demorada e lúgubre, cheia de filas e de abraços tão públicos como risíveis.
2. Quanto ao disparate televisivo (horas e horas de inutilidades e de palermices), ele apenas traduz o vazio televisivo.
3. Já a nomeação de novos membros do Conselho de Estado é um gesto importante. Por um lado, deviam ser escolhidas mais pessoas como João Lobo Antunes. Ele é um excelente interlocutor para se falar do país. Mas a escolha de Marcelo Rebelo de Sousa é inútil e coloca questões importantes sobre a relação entre o comentário político, o poder das televisões e as carreiras dos políticos como comentadores políticos. Não que o não possam ser; mas isso devia ter um preço, e esse preço, como mandam as regras, devia estar afixado: este cavalheiro não pode exercer o papel de comentador político e, ao mesmo tempo, de actor político no activo e de conselheiro de Estado. José Sócrates está, e Santana Lopes esteve em São Bento, depois de uma passagem pelo comentário político na televisão; Marcelo desceu dos microfones da TSF para a presidência do PSD; Paulo Portas sairá do «Estado da Arte», da SIC, para a presidência do CDS. Os casos são diferentes e devem ser analisados um a um, evidentemente, mas este traço comum devia fazer-nos pensar mais no assunto.

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por FJV, em 16.03.06
||| Leis sobre o insulto e a difamação.
Ler o post de Eduardo Pitta.

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por FJV, em 16.03.06
||| O cantinho do hooligan.










Vocês sabem, não é?

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