||| O senhor Ministro.O senhor Ministro dos Estrangeiros não achou que «
fosse necessário, para consumo interno, falar no problema da violência». O senhor Ministro dos Estrangeiros já tinha assinado, lá fora, um documento condenando a violência contra as embaixadas dinamarquesas; portanto, os portugueses mereciam apenas um aviso e um ralhete de Sua Excelência sobre a licenciosidade -- não estava para gastar tinta com o pessoal. Como
aqui escrevi, isso foi um mau sinal. O sinal de que o senhor Ministro dos Estrangeiros (de dedo espetado na nossa direcção) lá fora condena a violência, mas que cá dentro se limita a avisar-nos sobre o que ele gostaria de fazer a quem se atrevesse a desenhar cartoons.
O senhor Ministro dos Estrangeiros também insiste que apenas tratou de reparar «as
ofensas enormes que tinham sido feitas a toda a comunidade islâmica com a publicação dos cartoons». E que
a comunidade de incendiários de bandeiras e de assaltantes de embaixadas tinham respondido com
justificada e justa indignação. Ficámos cientes.
{Adenda} Ler o texto de Paulo Gorjão: «Aparentemente, essencial, «para consumo interno», era «lamenta[r] e discorda[r] da publicação de caricaturas de Maomé». Mas, seguindo a mesma lógica, valerá a pena recordar que, se a memória não me falha, o comunicado que Portugal havia votado na véspera fazia também referência negativa às caricaturas?»
Ver a nota de Vasco Pulido Valente. Ver também o comentário no O Insurgente.