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por FJV, em 07.02.06
||| Cautela, respeitinho.
Já descobri quem vai ser reabilitado depois desta mini-guerra «religiosa» em que tanta gente se dispôs a acatar a exigência de cautela e de respeitinho: Sousa Lara.

No Bloco de Esquerda vai proceder-se à limpeza do sótão por causa de imagens anteriores sobre a igreja católica, claramente ofensivas. Vai tudo entrar nos eixos.

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por FJV, em 07.02.06
||| Obrigado, Alexandre. Obrigado, Pedro.
Alexandre Soares Silva lembra Camões a propósito da história dos cartoons. Obrigado, Alexandre. Todos nós nos esquecemos.

Pedro Mexia lembra algumas questões sobre a liberdade e a sensatez.

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por FJV, em 07.02.06
||| Outra coisa, ainda.
O governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, reagiu como se esperava à questão dos cartoons. Diplomacia é diplomacia,negócios são negócios, nada de especial a registar acerca desta posição, certamente concertada com a União. Salvo aquilo que nos diz respeito como cidadãos portugueses interessados em saber o que pensa o seu governo independentemente da política real e do mundo dos negócios.
A saber: o governo acha que os cartoons ofendem os povos muçulmanos e que a liberdade de os ter publicado (de que o governo discorda) está no domínio da «licenciosidade»; o governo também acha que a publicação dos cartoons fomenta «a guerra de religiões»; além disso, o governo acha que «o que se passou recentemente em alguns países europeus» é «lamentável». De onde se conclui que, para efeitos diplomáticos e para pôr água na fervura internacional, o senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros se permite avisar os seus concidadãos sobre o que pensa, de facto, acerca do respeito pela liberdade e da legitimidade para queimar bandeiras de um país membro da União. O comunicado do MNE poderia ter sido mais lacónico, menos consentâneo com a tradição inquisitorial e igualmente sereno no modo como salva a face da diplomacia da União e dos interesses portugueses. Manter-se nessa posição e nessa área era sinal de contenção, de serenidade, de correcção diplomática e de bom-senso, além de não ofender os seus concidadãos. Mas não. O senhor Ministro faz doutrina (e da que é muito discutível), o que é manifestamente dispensável e um exagero desnecessário, embora lhe seja permitido ceder quantas vezes quiser às pressões e à tentação de disciplinar a imprensa. Não comentando a reacção inusitada e a manipulação da violência e dos incêndios das embaixadas, o Senhor Ministro mostrou aos seus concidadãos (apesar de o comunicado ser para estrangeiros) aquilo com que podem contar.

P.S. - Evidentemente que a posição de Freitas do Amaral só pode ser entendida neste contexto diplomático, tentando apaziguar «o perigo». Caso contrário, trata-se de um indício muito perigoso a que devíamos estar mais atentos.

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por FJV, em 07.02.06
||| O cantinho do hooligan.
Há muito tempo que não me irritava tanto um jogo de futebol. Não por causa do penalty duvidosamente assinalado. Mais por ver Diego no banco enquanto entra Bruno Alves. Mas, sobretudo porque bola na trave é, na verdade, bola mal chutada.

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por FJV, em 07.02.06
||| Chuteiras limpas.
Um verdadeiro gentleman é assim: Costinha quer chuteiras limpas.

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por FJV, em 07.02.06
||| De facto.
O ataque ao coração do sistema.

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por FJV, em 07.02.06
||| Uma nota pequena, 2.
O Eduardo Pitta pergunta: «Afinal, acreditamos ou não acreditamos no direito à liberdade de expressão?» Era essa a pergunta que eu tinha feito. Vamos lá: o que é que está em causa? Uma série de cartoons. Os cartoons têm qualidade? Não me interessa saber. Os jornais ingleses e americanos publicaram os cartoons? Tanto me faz; eu não os publicaria por princípio, mas, se está em causa a liberdade de expressão, eu publicá-los-ia, sim, para que não julguem que podem demolir a minha liberdade (e a dos outros) como demoliram os Budas de Bamiyan. Os cartoons são ofensivos? Não me parece, acho-os um tanto naïves; mas se alguém acha que são ofensivos, que o diga. Isto trará prejuízos à economia dinamarquesa e, por arrastamento, europeia? Sim; é talvez a altura de a economia política europeia declarar, com simplicidade, que está dependente do petróleo, como a administração americana já o fez (com o Vaticano atrás, que aproveita a boleia do Islão para se queixar de alguns atrevimentos de que tem sido alvo) , aliás, tendo vindo a condenar os cartoons, de rabinho entre as pernas e dedo moralizador espetado. Mas, afinal, entre nós, que somos irresponsáveis (é assim que José Sócrates e os bispos nos vêem), «acreditamos ou não acreditamos no direito à liberdade de expressão?» Era essa a pergunta que eu fiz; é essa a pergunta que tu fazes. É essa a pergunta que o Osvaldo Silvestre faz; é essa a pergunta que o Gustavo Rubim deixa no seu texto. É isto insensato, como sugere e afirma (são tempos diferentes) o Osvaldo Silvestre? É. Devemos deixar de o dizer? Não.

O Osvaldo Silvestre chama a atenção para um texto de M. Yiossuf Adamgy, publicado no Público («A liberdade de expressão deve ter limites»). O director da Al-Furqan, defendeu, há dois anos, na Antena Um, a aplicação da lei islâmica e a lapidação de Amina. É ele que aparece neste momento a dizer que «a liberdade de expressão deve ter limites». Tudo muito parecido com este cartoon. Não há maior insensatez (uso a palavra no seu sentido estratégico) do que ceder neste capítulo: no da dignidade.

Outra coisa: é evidente que não há muita gente «entre nós» (os irresponsáveis) a querer fazer cartoons com a vida sexual da rainha da Dinamarca. Chama-se bom-senso. Mas se queres coleccionar a quantidade de cartoons publicados na imprensa árabe e ocidental que facilmente poderia ser considerada «ofensiva», eu peço meças.

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por FJV, em 06.02.06
||| Rir com moderação. E respeitinho.
Abel Barros Baptista (ah, insensato!), em cavaqueira no Casmurro, propõe um novo lema:
«Seja responsável, ria com moderação.»

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por FJV, em 06.02.06
||| Uma nota pequena.
Caro Eduardo: se a imprensa publicasse fosse o que fosse sobre as actividades sexuais da rainha da Dinamarca (e não era preciso invocar o Kama Sutra), não se debatia a questão da liberdade de expressão. Era uma coisa que se resolvia nos tribunais. Quando o Eng.º Abecasis marchou contra o filme de Godard, era a liberdade de expressão que estava em causa ou tratava-se de punir «o laissez-faire do lado de cá»?

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por FJV, em 06.02.06
||| Guerra.
«I am for the absolute freedom of speech everywhere, and that’s why I call upon every free sole among Arabs to use the Danish flag as a substitute for toilet paper. To illustrate every wall with graffiti making fun of everything Europe holds as holy: dancing rabbis on the carcasses of Palestinian children, hoax gas-chambers built in Hollywood in 1946 with Steven Spielberg’s approval stamp, and Aids spreading fagots. Let us defend the absolute freedom of speech altogether, wouldn’t that be a noble cause?»

«Muslims and others in Europe can not say everything they often want to say and they risk being arrested and prosecuted if they do. Muslims and other religious people can not express their disgust from homosexuality and clearly state that they believe it’s a sickness and a deviation without being persecuted for being homophobic.»

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por FJV, em 06.02.06
||| Por causa da ofensa.
«Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros e os leitores é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado.» Paulo Francis

Citado pelo Almocreve das Petas.

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por FJV, em 06.02.06
||| Liberdade de expressão, 5.




















Há, evidentemente, uma resposta diplomática ao problema dos cartoons. E há, com uma ponderação sinistra, o debate deontológico (valia a pena publicar os cartoons?, os cartoons são maus?, os cartoons são bons?, há uma responsabilidade da imprensa no «uso da liberdade»?). E há outro debate em que as coisas não estão a ser ditas com clareza: o mundo em que a liberdade era um valor essencial está a chegar ao fim? Há por aí muitos apelos ao sacrifício em nome da ortodoxia religiosa, da conveniência do petróleo e da política real, dos negócios dinamarqueses, da equivalência moral, do direito à indignação muçulmana, da intocabilidade dos novos e dos velhos párias. Mas sobretudo, mesmo sem falar dos cartoons (que são uma merda, sim, mas que cuja taxa ofensiva é mínima), um apelo ao respeitinho. Ao respeitinho e ao controle. À vigilância, à punição e à censura do delito de opinião, à «contenção verbal e discursiva». Outros valores estão em causa: «Não nos incomodem com essa treta da liberdade.»
Não sei se estão a ver. O presidente Sampaio apelou claramente à denúncia, à delação e à espionagem sobre os cidadãos em nome do Fisco e ninguém protestou contra a inversão do ónus da prova. Vasco Pulido Valente dizia que não tinha visto um único sinal de desagrado acerca do «cartão de cidadão» que o governo quer impor (por acaso, que me lembre, fui um dos que escrevi contra a ideia) e de que, há tempos, ouvi José Lello (na TSF) tecer elogios ditirâmbicos como uma das grandes contribuições de Portugal para a modernidade. O primeiro-ministro afirma, ao Expresso, que a liberdade, no fim de contas, é prejudicial ao género humano, no que é seguido por bispos e outros pensadores delicados que se perguntam sobre se valeu a pena publicar os cartoons tendo em conta as consequências no mundo islâmico. Uma série de pessoas, para evitar falar do tema, lembra casos de censura cometidos «no Ocidente» contra os quais todos protestámos -- para que não se moleste agora a tranquilidade de Finsbury Park. Em Inglaterra, o sistema de saúde pode enviar funcionários a casa, para verificar se as pessoas estão a fumar. As escutas telefónicas são o lamaçal que se sabe e parece que não são apenas as «figuras públicas» que estão no alvo. Pouca gente se perguntou sobre o que custará, à nossa liberdade, o vasto número de acordos assinados com a Microsoft por parte do Estado português.
Estranhos sinais no ar. Há muita gente a pedir respeitinho; e agora não é só na humidade das sacristias ou dos gabinetes: é nos «fóruns» das rádios, nas «cartas dos leitores» e outras vigílias cívicas. O respeitinho, primeiro. Depois, o catálogo de pecados, de violações da decência e a lista das más companhias. Depois, vigorará apenas um sistema informático. Virá então a proibição de fumar, de beber e de escrever sobre religião. Uma comissão parlamentar há-de criar uma gramática do «politicamente permitido» para que nenhuma palavra ofenda o respeitinho das corporações ideológicas, profissionais e clericais. Vigiarão as anedotas e o riso. Tudo em nome dos valores. Estamos lixados com estes valores, estamos.

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por FJV, em 05.02.06
||| Questões gerais.
















Continuo a achar estranho tudo isto.

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por FJV, em 05.02.06
||| Agenda.
O domingo começou com um jogo de básquete, entre o Belenenses e a Simecq, às nove da manhã. Iniciados. Verdadeira luta de classes: os miúdos da Sociedade de Instrução Musical e Educativa da Cruz Quebrada, alguns com all stars, nada de nikes limpinhas, brilharam em grande. Eu, por obrigação, estava do outro lado da barricada.

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por FJV, em 05.02.06
||| Chema Madoz.


























F.S.C., do outro lado do mar, recomenda estas imagens de Chema Madoz. Fotografia de Espanha.

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por FJV, em 05.02.06
||| Liberdade de expressão, 4.
Vasco Pulido Valente, no Espectro.

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por FJV, em 05.02.06
||| Liberdade de expressão, 3.
«Garcia de Orta e Pedro Nunes, que andaram pelo Oriente com olhos abertos, fazendo o mundo novo. O nosso António José da Silva, o Judeu, ou o italiano Giordano Bruno, ambos queimados em autos-de-fé. Eça de Queiroz indo à Terra Santa e trazendo de lá uma anedota. Bertrand Russel e Woody Allen, pensando ou sorrindo. Esses, crentes ou descrentes, mas todos contribuindo para o mundo que é o meu, onde a religião é um assunto que habita o coração e a inteligência e não os joelhos ou o cu para o ar – aceitando embora que outros a vivam nos joelhos ou de cu para o ar. A minha terra é essa ou não é. Nada me interessa, nem este emprego que me faz viver, se eu não puder dizer que eu, eu, não peço desculpa por um jornal dinamarquês ter publicado desenhos de Maomé.»
Ferreira Fernandes, no Correio da Manhã.

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por FJV, em 05.02.06
||| Liberdade de expressão.





«A baby girl even had “I Love al-Qaeda” on her bonnet. The parents of pretty Farisa Jihad, 20 months, proudly proclaimed she is the youngest member of the terror group. She was brought to the protest by her father Abu, 38. Next to her was a huge poster exclaiming: “Whoever insults a prophet, kill him.” Another placard nearby said: “Britain you will pay — 7/7 is on its way.”» Aqui.

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por FJV, em 05.02.06
||| Tudo isto é muito estranho.
«Administração americana diz compreender por que razão os "muçulmanos acham estas imagens ofensivas".»

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por FJV, em 05.02.06
||| Imagens. («O Islão proíbe qualquer representação, inclusive favorável, do profeta.»)










Maomé na Kaaba. Jami Al-Tawarikh (The Universal History, de Rashid Al-Din), manuscrito da Biblioteca da universidade de Edimburgo; ilustração de Tabriz, na Pérsia, c. 1315. Outras imagens podem ser vistas aqui.











Maomé viajando de noite. Ilustração de 1514, Bukhara, Uzebequistão.

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