||| Regular, regular, 2. {Actualizado}Meter na ordem a rapaziada. Não vejo outra explicação para a vontade disciplinar e controladora de Augusto Santos Silva e dos socialistas. Invadir a redacção dos jornais («aceder às instalações, equipamentos e serviços das entidades sujeitas à supervisão e regulação da Entidade Reguladora»); fazer deontologia por conta própria e emitir pareceres quando lhe apetecer; controlar, gastar 1 milhão de euros anuais para ter opinião sobre tudo; poder fiscalizar o que entender; a breve prazo meter os
blogs na ordem, definir que não há espaços de «comunicação» que não possam estar livres da sua alçada; dar aulas (não solicitadas) sobre jornalismo (a quem não lhas pediu); naturalmente
proteger a sociedade da ameaça da licenciosidade da imprensa; perorar sobre a
verdadeira liberdade de expressão contra a
falsa liberdade de expressão (a que se confunde com
licenciosidade). Tudo isto é perigoso. Primeiro, quando se fala nas ameaças à liberdade em
nome desta vontade de
controlar tudo, dos apelos
à denúncia e à delação, do delírio festivo em redor do «cartão único» (essa
conquista da humanidade, como já lhe ouvi chamar), a coisa passa em branco. Mas
esse tom disciplinador e moralizador é o resultado da vontade de controlar. Hoje não ligamos ao apelo; brincamos (civilizados que somos, e sensatos) acerca dos que acham que a liberdade é um valor absoluto; achamos, mesmo, que há limites sérios a impor, para que a licenciosidade não massacre a moral. Amanhã, quando os sacerdotes e evangelizadores da moral e da deontologia obrigatória entrarem pelas nossas casas dentro, também não ligamos. Este é o primeiro passo.
Daqui a uns tempos, se os deixarmos à vontade, toda a nossa vida estará submetida a entidades reguladoras com padrecas especializados ou polícias encartados e nomeados pelo governo ou pelos partidos.
PS - Leiam, no Público de hoje, domingo, um artiguinho de uma «especialista em igualdade de género», na área de opinião. Vejam como, nas linhas e nas entrelinhas, a nossa liberdade não interessa nada. Vejam como ela não é, de facto, um valor absoluto. Vejam como tudo é relativo e como há sempre uma desculpa. Vejam como se chega lá.
PS2- O Rui lembra, a propósito, que o autor destes e de outros dislates legislativos é um cavalheiro que alertava o povo para o facto de a eleição de Cavaco ser um verdadeiro golpe de estado constitucional. Afinal, foi o próprio Augusto Santos Silva a tentar, primeiro, o golpe contra a liberdade. Morreu pela boca. Não confiem nele.
PS3 - Curiosamente, há outra analogia entre a tentativa de impor um controle apertado sobre a imprensa por parte deste governo e as manobras para fabricar instrumentos de censura no Brasil, detectada aqui abaixo. Também no Brasil a legislação sobre a imprensa (com nomeação de controleiros políticos para vigiar e punir os jornalistas licenciosos) se fez acompanhar de mais leis sobre o cinema indígena e sobre o nacionalismo cultural (entre nós representado pela Lei da Rádio)
PS4 - Artigos de Artur Costa e de Rui Camacho, no JN, via Blog Cacca.