||| Chile.
Alguns amigos demarcadamente de esquerda festejam a eleição de Michelle Bachelet para compensar eventuais derrotas locais. Foi assim com Lula, é assim com Bachelet. Permito-me recordar que é diferente. Bastava estar atento ao que foi o processo político recente no Chile para advertir que nem Bachelet nem a sua base alinham no folclore lulista e muito menos pelo diapasão de Evo Morales & Hugo Chávez.
Pessoalmente, a eleição de uma mulher no Chile (e para quem conhece a paisagem política), só esse facto em si, já é revelante. É um sinal sociologicamente importante num subcontinente em que as políticas radicais de esquerda e de direita estiveram sempre associadas à marca de um «homem forte». Depois,
os sinais que Bachelet deixou durante a campanha (mesmo durante a campanha, quando se esperaria uma radicalização do discurso) não põem em causa o processo político chileno. Aliás, o Chile é uma lição para quem ainda tem ilusões sobre a América Latina revolucionária e guerrilheira.
[Na foto Michelle Bachelet e Sebastián Piñera, o candidato derrotado. Agência EFE.]