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«A orquestra calou-se. O violoncelista começa a tocar o seu solo como se só para isso tivesse nascido. Não sabe que aquela mulher do camarote guarda na sua recém-estreada malinha de mão uma carta de cor violeta de que ele é destinatário, não o sabe, não poderia sabê-lo, e apesar disso toca como se estivesse a despedir-se do mundo, a dizer por fim tudo quanto havia calado, os sonhos truncados, os anseios frustrados, a vida, enfim. Os outros músicos olham-no com assombro, o maestro com surpresa e respeito, o público suspira, estremece, o véu de piedade que nublava o olhar agudo da águia é agora uma lágrima. O solo terminou já, a orquestra, como um grande e lento mar, avançou e submergiu suavemente o canto do violoncelo, absorveu-o, ampliou-o como se quisesse conduzi-lo a um lugar onde a música se sublimasse em silêncio, a sombra de uma vibração que fosse percorrendo a pele como a última e inaudível ressonância de um timbale aflorado por uma borboleta.»
«[...]lembrei-me da discussão que por aqui anda no reino unido. Existe uma facção da opinião pública (já com algum apoio governamental) que começa a levantar a questão de lidar com o tráfego de mulheres de forma indirecta, ou seja, de tentar formar acusão contra homens que tenham sexo com uma prostituta que esteja claramente numa situação de prisão, tortura ou maus tratos. Mesmo que exista uma transacção monetária. O que começou como uma campanha civil, já ganhou algum apoio no meio politico, como mostra esta peça do The Observer. O princípio legislativo seria o da obrigação moral de relatar um crime no qual o cliente/pagador tivesse sido conivente (ok, eu nunca estudei direito, por isso vou parar por aqui com o palavreado jurista). O acto de pagar por sexo é considerado crime no reino unido.»Ver também os comentários da Rita.
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