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por FJV, em 26.10.05
||| Leituras soltas. Pepetela e os emergentes.
Predadores, de Pepetela (Dom Quixote), para quem se interessa sobre Angola. Um retrato da classe emergente de Luanda e notas sobre os erros dos últimos trinta anos. Algumas coisas já vão tarde.

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por FJV, em 26.10.05
||| Leituras soltas. Paul Blick fala sobre a França.
«Era esta a minha família na época, desagradável, retrógrada, reaccionária, terrivelmente triste. Francesa, numa palavra. Assemelhava-se ao país, que se considerava satisfeito por se manter de pé, depois de superar a humilhação e a pobreza. Um país agora suficientemente rico para desprezar os seus camponeses, fazer deles operários e construir-lhes cidades absurdas formadas por edifícios de uma fealdade funcional. Ao mesmo tempo, a caixa das mudanças dos automóveis passava de três ara quatro velocidades. Não faltava mais nada para que o país inteiro se convencesse de que metera a mudança superior.»

«A eleição de Mitterrand provocara o descalabro do franco, uma desvalorização de vinte por cento dos valores bolsistas e a fuga de capitais que se escapavam, noite e dia, por todas as fronteiras da nação. E eu, entretanto, de alma pura e pé na tábua, conduzia o meu automóvel até Barcelona.»

«Apertava a mão de Marie na minha e contava-lhe notícias da família e do mundo, os magníficos progressos de Louis-Toshiro e os propósitos de um certo Raffarin, antigo fiscal de pesos e medidas de Poitevin. Quando, em Março de 2003, eclodiu a guerra do Iraque, ainda tentei descrever-lhe a desordem do mundo [...]»
Paul Blick é o personagem-narrador de Uma Vida Francesa, de Jean-Paul Dubois (edição Asa), a lançar amanhã à tarde em Lisboa.

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por FJV, em 26.10.05
||| Leituras soltas. Mandrake confessa-se sobre o passado.
«Meu pai passava o dia e a noite acordado, quando ia para a cama ficava lendo e eu lhe pedia que parasse de ler, apaga a luz de cabeceira e vamos dormir, eu dizia, e ele respondia que não queria dormir e quando não estava lendo ficava de olhos abertos olhando para o teto ou para a janela. Fecha os olhos, eu pedia. Não fecho, não posso fechar os olhos, se fechar os olhos eu morro. A luz da cabeceira permanecia acesa, eu acordava no meio da noite, do meu sono agitado, e lá estava ele, de olhos abertos, olhando para o teto. Um dia notei que ele estava de olhos fechados e pensei, aliviado, afinal ele dormiu, e apaguei a luz da cabeceira. Quando acordei, pela manhã, ele estava morto.» «Monólogo» de Mandrake em Mandrake, a Bíblia e a Bengala, de Rubem Fonseca. Na semana passada, no «Escrita em Dia» da Antena Um, o Bruno Santos fez uma magnífica leitura do extracto.

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por FJV, em 26.10.05
||| Neo-col.
O Diário de Notícias publica hoje matéria sobre este post. Mas não cita nem refere.

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por FJV, em 25.10.05
||| Referendo brasileiro.
Alertado pelo Claudio Tellez, está corrigida uma palavra no post sobre o referendo brasileiro. Em vez de «Globo, na Folha ou no Estado, que apoiaram o não» devia ler-se «Globo, na Folha ou no Estado, que apoiaram o sim».

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por FJV, em 25.10.05
||| Mais comida, mas com problemas.
A Nature diz que «old menus reveal collapse of fish stocks»: «Fisheries experts are using old restaurant menus to piece together how the world's seafood stocks have declined over the past century and a half. Prices dating back to the 1850s highlight the growing scarcity of foods such as lobster, swordfish and oysters.» Ninguém os manda.

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por FJV, em 25.10.05
||| Eu acho isso muito bom.
O Daniel M., do B-site, foi o autor do melhor comentário sobre o «post desaparecido»: «Especialmente con comida libanesa acontece muito.» O BJM já tinha anunciado: alguém o comeu. Já o Gonçalo acusava-me de não saber «do que são capazes os libaneses maronitas». Conflito à vista.

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por FJV, em 25.10.05
||| O post desaparecido (tentativa de reconstrução). A comida libanesa é a antecâmara da levitação.
Ementa do Gonçalo, um dia destes, no Almanara, em São Paulo: «Jantar no Almanara. Pão sírio. Esfiha aberta. Nem michui nem kafta. Fatouche e kibe cru, com cebola e aipo. Entre o malabie, o ataif e o bekhleua escolho o primeiro. Com calda de damasco. Café e a conta. Pode incluír os 10%.»
Quem andou procurando botecos libaneses em São Paulo sabe bem que se trata de uma antecâmara da levitação: comida daquela, só a uma certa distância do chão. Vapores, cereais, frango, arroz, fritos, quibes, ervinhas, vinagres. Só em Manaus encontrei dois lugares, pequenos e desconhecidos dos guias, que ultrapassam o cardápio paulista. Os melhores quibes fritos foram em Salvador. Quibes crus em Santos.

Sim, e irei ao Adi Shoshi (no Bom Retiro) para comer varenikes, cholent, a beringela recheada, kababi e -- uma vez sem exemplo, gefilte fish.

{Adenda} Escrevi este post mencionando originalmente a «comida síria» de Sampa. Isso provocou um terramoto (conjugal, no caso do Gonçalo), mas a culpa era minha. Aconteceu-me coisa igual enquanto escrevia o Longe de Manaus, que desafinava (e confundiu Jaime Ramos até ao fim) sempre que se falava da sua origem, que era Beirute -- tanto lhe chamavam turco, como sírio, como «herdeiro do império», como, finalmente, libanês. Era libanês, um libanês de Manaus.

O Nuno tinha comentado: «
Quanto a quibes crus, Manaus arrasa. Duas mesas no jardim de uma senhora, filha de emigrantes libaneses, sem nome na porta. Ganha por um braço aos de Sampa. E em Santos, onde?» Esqueci o nome, foi há cinco anos, mas era não muito longe do velho terminal de emigração.

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por FJV, em 25.10.05
||| Missing.
Desapareceu um post do A Origem das Espécies (sobre comida libanesa em São Paulo). Isso pode acontecer?

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por FJV, em 25.10.05
||| Grafitos.
De Glasgow, escreve a Verónica Neves sobre o problema dos grafitos:
«Aqui em Glasgow a câmara disponibiliza, com algum sucesso, certos lugares/espaços/suportes da cidade para os grafitos. Não sei o que mais faz a câmara, mas sei que, o que quer que seja, funciona – porque não se vê a quantidade abominável de “riscos & rabiscos” que se vê em Lisboa. E os locais que estão destinados aos grafitos são usados por “grafitadores” de qualidade.
Uma coisa que me tem chocado nas últimas visitas a capital lusa é exactamente a quantidade de grafitos, ainda por cima grande parte deles feios e nos sítios mais inimagináveis. Por exemplo, andar a grafitar as belíssimas estações de metro é de um terrorismo urbano atroz! O mesmo se passa com as portadas de madeira das janelas dos reformados do Bairro Alto.
E no Bairro Alto escrevem
Ratos de uma forma psicadélica por todo o lado. Pelo que ouvi, parece que a mensagem de tal artista é que a humanidade se multiplica ao ritmo de roedores e polui demasiado o planeta, ou qq coisa assim. Talvez esse tal “rato-autor” até tenha uma mensagem importante; só não entendo porque é que não usa uma forma mais construtiva, ou pelo menos bonita ou divertida, de passar a sua mensagem.
Aqui em Glasgow os grafitadores também fazem aquelas intervenções urbanas tipo stencil -- não sei como é que se diz (também se vêem muito em Lisboa e normalmente são bem interessantes!). Mas colocam o stencil nos passeios de betão ou nas caixas de alta tensão, ou nos estaleiros de obras. Isto é, em suportes que são valorizados pela adição do grafito/stencil/mensagem. E é um prazer descobrir as novas mensagens dessas pessoas e a forma original que encontram para as fazer passar.
Não tenho absolutamente nada contra a decisão de encarcerar por uns dias o pessoal que grafita uma belíssima estacão de metro em Lisboa, por exemplo. Ou mesmo
convidar essas pessoas a uns dias/semanas de trabalho para a comunidade. Entre as suas tarefas poderia estar exactamente a limpeza de paredes, azulejos, portadas de janela etc, etc...
A Câmara de Lisboa tem também a obrigação de encontrar formas originais de dialogar com estes “terroristas” urbanos e valorizar, no suporte adequado, o bom trabalho que alguns produzem.»

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por FJV, em 25.10.05
||| Politicamente respeitável.
Finalmente, há uma lei de estrangeiros mais decente. Provavelmente não será a lei perfeita, mas eu não acredito em leis perfeitas; acredito no respeito pelos estrangeiros e pelos emigrantes. Pois tu foste estrangeiro -- não se deve esquecer essa lição.
Não entendo é como o secretário de Estado Jorge Lacão decide anunciar a mudança do «quadro legal da prostituição» sem ter em conta os problemas da emigração ilegal. A opção «politicamente respeitável» pelos modelos holandês, sueco ou alemão -- muito aceitável para discussão, mas ridículo como proposta séria-- irá enfrentar uma questão central: estará o governo na disposição de legalizar as milhares de emigrantes ilegais que se enquadram no projecto? Evidentemente que não se pode tributar uma actividade sem legalizar os seus agentes. E, nesse caso, como vigiar a fuga aos impostos nesta área de actividade económica sem se intrometer na esfera da vida privada e na intimidade dos cidadãos? Aceitarão todas elas o cartão de segurança social e a carteira profissional respectiva, mencionando a ocupação?
Mais uma vez estamos diante de uma decisão «politicamente respeitável» que pretende resolver questões de fundo apenas com um enquadramento legal. Ora, o actual «enquadramento legal» devia servir, antes de mais, para punir e perseguir os responsáveis por tráfico, violência e maus tratos a mulheres, exploração de emigrantes, fuga ao fisco, etc. Isso era já um grande favor ao género humano. Uma viagem pela província e pelos subúrbios bastaria. Quanto ao resto -- legalizar todos os aspectos da vida -- parece-me uma obsessão.

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por FJV, em 25.10.05
||| Minudências & miudezas.
Quando, há semanas, eu duvidava seriamente da indignação em relação ao caso de Felgueiras pensava nisto e nisto e, claro, também nisto. Minudências.

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por FJV, em 24.10.05
||| Saramago.
«A ausência da morte é o caos. É o pior que pode acontecer a uma sociedade.» Saramago falando sobre o seu novo livro, As Intermitências da Morte (no Estado de São Paulo). O livro será lançado primeiro no Brasil, a 27, e só depois (a 11 de Novembro) em Portugal, Espanha e Itália.

Para leitores brasileiros: o lançamento mundial do livro será em São Paulo (27 de Outubro, quinta-feira, às 20h, Sesc Pinheiros - Teatro, na Rua Paes Leme, 195); a 30, domingo, às 16h em Belo Horizonte, no Palácio das Artes - Grande Teatro, na Avenida Afonso Pena, 1.537; finalmente, a 31, no Rio de Janeiro, às 19h, no Conjunto Cultural da Caixa - Teatro Nelson Rodrigues, na Avenida Chile, 230). É a vida. Ide, ou não.

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por FJV, em 24.10.05
||| Grafiti.
No primeiro caderno do Expresso, li uma peça sobre os grafitos. Que custam os olhos da cara às câmaras municipais; que Londres, Barcelona, Madrid ou Paris gastam fortunas para limpar as cidades das tags da rapaziada; que Lisboa pagou milhares e milhares de euros para limpar o lixo que eles deixam. Na Única, do Expresso, li uma reportagem sobre a arte do grafito e sobre uma loja onde se compram tintas e outros materiais para produzir grafitos que depois obrigam as câmaras a gastar rios de dinheiro para limpar. O direito ao contraditório.

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por FJV, em 24.10.05
||| Vingança.









O olho clínico do Gonçalo Soares, ao passar por uma livraria Nobel , em São Paulo, detectou (a propósito do post Neo-colonialismo) que havia dois autores demasiado próximos nas estantes: Sanches Neto, precisamente, e eu próprio. Vingança do destino.

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por FJV, em 24.10.05
||| Paulo Francis.
Atenção a este site sobre Paulo Francis (sugerido pelo Alexandre) Sem muita informação mas com o essencial para perceber quem foi Paulo Francis. Ir também aqui.

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por FJV, em 23.10.05
||| Referendo brasileiro.
Ganhou o não à proibição de venda de armas.
Se há coisa que não se pode atribuir a esta vitória é o favoritismo da imprensa. Sobretudo no Globo, na Folha ou no Estado, que apoiaram o sim. Lula pôde intervir na campanha pelo sim, tal como várias «frentes de intelectuais» e políticos (Serra e FHC também votaram sim). É dos referendos mais complexos.
Ver a reportagem «Referendo revelou descrença do povo no poder público», de Luiz Cláudio de Castro no O Globo.
Regras para a venda de armas são rígidas.

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por FJV, em 23.10.05
||| Ingratidão.
Partido dos Trabalhadores expulsa Delúbio Soares. Directório do PT afasta o ex-tesoureiro acusado de ser um dos responsáveis pelo financiamento ilegal de campanhas. Ingratidão pura.

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por FJV, em 23.10.05
||| Associação de ideias.
«Lembro uma vez que, saindo da Espanha, atravessei Portugal de cima a baixo num carro alugado que tinha toca-fitas. Um amigo havia me feito uma fita de presente com doze interpretações diferentes de “I’m thru with love”, cada uma melhor que a outra: Frank Sinatra, Tony Bennett, Billie Hollyday etc. A fita era o máximo. Os versos «I’m thru with love, I’ll never fall again,/ Said adieu to love, don’t ever call again./ For I must have you or no one,/ And so I’m thru with love» ficaram para sempre associados a Portugal, ao cheiro de peixe, aos bondes, às mulheres de bigode, ao restaurante Tromba Rija. Ouvi a fita durante anos.»
Mário Sérgio Conti, «
Engarrafamento: Pessoa e Proust», no No Mínimo.

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por FJV, em 23.10.05
||| Rankings.
Estou enganado ou a publicação dos rankings das escolas secundárias e seu tratamento jornalístico, um acontecimento que noutros anos motivou guerras fatais, passou este ano na mais completa normalidade? Afinal, quem tinha razão?

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