||| Al Berto
A RTP-Memória está a retransmitir um programa antigo com Al Berto. A certa altura Al Berto lê um poema de
Uma Existência de Papel, e sinto um arrepio. Nestas imagens ele é novo, tem aquela austeridade marcada no olhar, os olhos abrem-se, as mãos mexem-se pouco. Ele não agitava muito as mãos -- conhecia o poder da sua própria voz, não precisava de adereços. Fiz a última entrevista de Al Berto para a televisão e lembro-me de uma passagem: «Vai ter saudades?» «Vou. Vou ter saudades das coisas que amo. Dos meus papéis, das vozes que amei, da luz do mar. Mas estou preparado.» Nós é que nunca estivemos preparados, realmente. Nem hoje estou.