||| A noite, o que é?, 51.
Quando voltar a escrever sobre a noite é porque alguma coisa mudou em mim, ou alguma coisa regressou, ou alguma coisa aconteceu. Geralmente, isso não tem explicação. As pessoas liam o que eu escrevia e procuravam um sinal. Eu dizia: «As coisas não têm sentido, não têm explicação. O que se escreve não tem sentido, ou só tem sentido muito depois, organizados os restos, o que sobrou, o que ficou para lembrar.» Voltar a escrever sobre a noite. Sobre os ruídos, as formas, a folhagem que se via pela janela, os livros acumulados na mesa, os diálogos curtos. Uma forma qualquer de dedicação, de heroísmo.