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por FJV, em 02.05.07
||| Niassa. «No fim do mundo estava o princípio da minha vida. Mas eu ainda não sabia.»


«“O desconhecido Niassa”. A quantidade de vezes que tinha ouvido esta expressão parecia uma brincadeira de mau gosto, uma anedota sobre o meu desconhecimento das minhas próprias origens e sobre as histórias de família que o futuro tinha teimado em esconder-me ao longo dos anos. Uma ironia sobre o abandono a que o meu pai me tinha votado, sobre a zanga entre ele e os meus irmãos, sobre a morte do meu irmão Daniel, sobre o paradeiro do meu pai e agora, como se não bastasse de mistérios, sobre o paradeiro do Rafael, enfim, sobre a minha ignorância a respeito de quase tudo o que quase toda a gente normalmente sabe: quem foi — quem é — o pai, a mãe, os irmãos, a terra onde nascemos. “O desconhecido Niassa”: o resumo da minha vida em duas palavras.» Niassa, de Francisco Camacho (edição Babilónia).

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