Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Passaram neste sábado vinte anos sobre a morte de Natália Correia. Não vale a pena praticar o exercício do anacronismo – por exemplo, pensar no que hoje diria Natália sobre o nosso país. A autora de Não Percas a Rosa disse-o em vida, na época, e com aquela veemência que nunca conseguiu fixá-la a uma redoma ideológica, de janelas fechadas para o exterior. Pessoas como ela fazem falta porque nunca podem ser substituídas; nem a sua poesia, nem os seus textos de intervenção mais imediata, nem o seu sarcasmo, nem a sua tentação de desancar a pátria e, sobretudo, os hierofantes empalhados da pequena moral. Por muito que se procure “uma forma de ser Natália Correia” é impossível encontrá-la porque ela foi tão plural e desconcertante que encaderná-la num catálogo é uma tarefa inútil. Os tempos não vão para pessoas assim. Para homenageá-la, vamos aos seus livros. É o que resta, no fim de contas.
[Da coluna do Correio da Manhã]
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.