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É fácil, a partir do Ocidente da imprensa livre e da internet acessível, chamar «fantoche do regime» ao chinês Mo Yan, prémio Nobel da Literatura deste ano, sobretudo depois de ele se ter recusado a assinar uma petição pela liberdade do autor e compatriota Liu Xiaobo (Nobel da Paz de 2010). Os livros de Mo Yan denunciam as arbitrariedades da história e da política, o sofrimento dos pobres e a brutalidade do regime de Mao – e não deixam de ser belos livros, apesar de serem agora desvalorizados por autores e intelectuais (alguns deles) que em outras circunstâncias apoiaram ditaduras que estavam na moda e líderes sanguinários celebrados como «heróis» (nomeadamente o próprio Mao). Compreende-se o horror causado pela ligação de Mo Yan ao regime, mas é bom lembrar que é fácil pedir coragem à distância.
[Da coluna do Correio da Manhã]
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