De Pedro Pires Coelho a 10.05.2011 às 16:43
Imagino que, como é candidato pelo PSD por Bragança, subscreve o seu programa. Deduzo até que o subscreveu mesmo antes de ele ser público - espero ainda assim que lhe tenham mostrado uma versão beta tempo de aceitar ser candidato.
Gostava de lhe dizer que me sinto totalmente desiludido com o facto de o FJV subscrever tais propostas - as que vieram a ser conhecidas no domingo publicamente (e claro, aquelas que o PSD mantém na gaveta, escondidas, ou aquelas que "ainda" não "estudou").
E que um escritor - de quem espero espírito crítico e independente - apoie tais propostas, só pode significar, na minha opinião, o grau zero do esclarecimento.
É verdade que só lhe digo isto - e que o penso - porque Portugal é um país demasiado pequeno em que não estamos habituados a ver escritores e intelectuais a pensarem e a alinharem consevadoramente (que belo adverbio este).
É uma constatação muito estranha. Esquisita.
De facto, não há muitos - tirando o provocador, mas excelente tradutor e poeta, VGM e nos últimos anos o AB - escritores e intelectuais claramente conservadores (e respeitáveis).
Não digo de direita (embora no momento actual o conservadorismo do PSD tenha escorregado muitíssimo para a direita) ou de esquerda. Digo: conservadores, pouco liberais (se quiser até no sentido americano, ou mesmo no do século XIX, até no do nosso séc XIX...).
Não estou a falar da "superioridade" intelectual e cultural da esquerda. Estou a falar de esclarecimento, iluminismo, modernidade (ai ai... que palavras tão perigosas e tão gastas).
Como vai, certamente, ser deputado na AR por Bragança fico com poucas esperanças... espero que a sua motivação não se deva a sentir que não tem mais livros para escrever. Porque um cidadão que é eleito para representar outros tem a obrigação, em primeiro lugar, de se manter cidadão - e de, portanto, no seu caso, escrever livros e pensar com independência.
Uma pena.
Tenho reparado também no seu gosto a partir do blog (em relação a música, por exemplo... e, por que não dizê-lo, em relação a culinária...) e sinto que de algum modo há coerência em tudo isso.
Uma pena.
E, no entanto... Viva a alheira de Mirandela e a Posta Mirandesa! (é que eu tenho duas costelas transmontanas, uma precisamente de Bragança, o que me deixa ainda mais perturbado)