De André a 07.05.2011 às 14:00
Na sertã quente, três furinhos de cada lado na pele, para que fique estaladiça. Aquele crocante inicial da alheira bem feita, é uma autêntica abertura sinfónica para o que se segue. E com grelos cozidos, bem tenrinhos e batata da terra, claro.
Não esse assassinato culinário, tantas vezes repetido em Lisboa, coroado de oleosas batatas fritas. Não entendo como se rebenta a pele do manjar e se afoga a pobre alheira em infames fulas.
Também eu gosto dela assim, André, mas no Porto é tal e qual como em Lisboa; e, por vezes, ainda lhe acrescentam um ovo estrelado.
De Maria Helena a 08.05.2011 às 22:51
É maravilhoso haver um produto gastronómico que foi inventado para ajudar a salvar vidas estar agora na "lista das Maravilhas".
Aliás, não sei do que mais gosto: se das iguarias, se das histórias que elas deixam saborear.
Mas esta das alheiras é comovente, mesmo.
Quer tenhamos ligação a Trás-os-Montes ou não.
De scriabin a 10.05.2011 às 14:07
Cada comida tem a sua história. Veja a chanfana, por exemplo, comida de gente pobre da região serrana da beira litoral. Reza a lenda (a que eu conheço) que no século XIX por lá passaram as tropas do Napoleão que envenenaram as nascentes. A única solução para aquelas gentes foi cozinhar as cabras velhas (a carne que podiam aproveitar para comer...) em vinho. Eu sou suspeito, mas acho a chanfana a mais genial invenção da cozinha portuguesa ;)
De Maria Helena a 12.05.2011 às 21:43
Até na gastronomia, cenários de enorme crueldade dão origem a lendas, tradições, aromas e sabores deliciosos.
Acho tão romântico estes detalhes que, afinal, são formas de não serem esquecidas tantas pessoas anónimas.