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Depois da goleada ao Villareal, tudo está preparado para a segunda mão. Pelo meio, um jogo desinteressante em Setúbal que rendeu vitória por quatro, e com um James em grande forma (e com a defesa a precisar de caldinhos), mas que serviu para dilatar a maior vantagem da história dos campeonatos portugueses; foi de olhão.
Queria, no entanto, recordar três ou quatro momentos de glória. O primeiro, de Freddy Guarín (2-1 com o Villarreal): foi, como se recordam, um golo em dois tempos, com uma primeira parte primorosa em que desviou dois adversários da linha de corrida e uma segunda parte amável e, simultaneamente, crudelíssima, em que a bola acaba por lhe ser devolvida. O resto, ou seja, o toque de cabeça final de Guarín, não faz parte do golo – é pura elegância e capacidade de decidir numa fracção de segundo; está, sinceramente, além do golo, até porque alguém que finta a margem direita do Villarreal e se apresenta diante do guarda-redes com aquela disposição, já merece o golo. Por isso o toque de cabeça é como que o terceto final do soneto que Guarín compôs, ele que não parece poeta. O segundo (3-1 ao Villarreal), já com aquela via ligeiramente despedaçada por Hulk e transformada numa espécie de Nevsky Prospekt em tempos de revolução (Tomás, tu entendes), entra também na história; em primeiro lugar, porque o árbitro estava disposto a deixar, alegremente, que o Villareal torpedeasse os meniscos do brasuca; em segundo lugar, porque o toque de Falcao é milimetricamente seguro. Passemos ao terceiro (4-1 no mesmo jogo): um golo de ave, de quetzal, em voo ligeiramente pronunciado, empurrando o ar com o movimento do corpo, gesto de puro e indiscutível talento – só Falcao poderia tê-lo marcado diante da assembleia de incréus que veio das Espanhas, precedido da habitual fama com que os bárbaros se anunciam antes de serem derrotados. Podíamos falar do quarto (5-1), com Falcao a servir de periscópio e a fazer com que a bola atravessasse toda a área, com um empurrão de cabeça. Vamos ver na quinta-feira.
Entretanto, em Junho, ele vem, já preparado para formar no tridente de ataque. Esta sim, é de olhão.
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