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O sistema.

por FJV, em 01.04.11

Ontem, António Perez Metelo respondeu-me, no debate da TVI, que era «o sistema que ia abaixo» — se se fizesse uma «auditoria às contas públicas». Compreende-se melhor a natureza do sistema, independentemente das pressões francesa e alemã para que essa auditoria não tenha lugar (e não vai ter, como se sabe, porque no país e nesta União se prefere a jogatana ao jogo, a maquilhagem à transparência), depois da entrevista de Teixeira dos Santos e da revisão dos défices e da dívida pública hoje anunciada. O «sistema» é a manipulação continuada dos números, das estatísticas, dos negócios ruinosos com as PPP, das decisões e da actividade do governo, concertada com acções de propaganda fácil e com falhanços evidentes em todas as previsões. José Sócrates provocou esta crise política para tentar ocultar tudo o resto; é necessário dizer-lhe que um tratante pode mentir quantas vezes quiser, e que pode tentar todas as astúcias para esconder os factos — mas não deixa de ser um magarefe, mesmo se mantiver o discurso aperaltado de um manda-chuva zangado e prepotente. Na situação em que nos encontramos, o país precisa de reencontrar uma certa limpeza, alguém com compostura e credibilidade como interlocutor. E de certa decência.

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7 comentários

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De Jorge Vilhena Mesquita a 01.04.2011 às 08:56

A propósito de Sócrates, escrevi isto, já há algum tempo:

"Um epitáfio político

As vezes fazem nele de visão
a errada percepção, a obstinação;
e nelas funda a decisão, amiúde,
sua rapidez tomando por virtude.
Da convicção a sua força advém,
que de ilusões, enganos se mantém.
Manipulando a mesquinhez alheia
para seus próprios fins, o ódio ateia.
Razão que contrarie o seu interesse,
contra a sua evidência, desconhece.
E da arrogância inchado da certeza,
dos adversários zomba e os despreza.
Menos governa, nisto, do que manda.
Procura a submissão. Na propaganda
que a vida imita chega até a crer
enquanto o tempo esbanja e o poder.
A sós, da liberdade desconfia,
que a mediocridade desafia.
O seu passado vai reescrevendo,
negando-o aqui, ali contrafazendo.
Sem honra, sem palavra, ainda dura.
Memória deixa apenas de impostura."

Jorge Vilhena Mesquita

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