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Pedido (coisa urgente).

por FJV, em 29.01.11

Estou sentado no meu lugar, num comboio Porto-Lisboa. Atrás de mim, sentadinha e vestidinha de verde claro, vai uma avozinha simpática que, desde que o comboio atravessou o Douro, ainda antes de parar na estação das Devesas, só à vista da praia de Espinho esteve com o telefone inactivo (neste momento acabo de atravessar o Mondego). Enviou beijinhos para vinte e dois netinhos, três filhas, duas amigas (uma das quais acordou), várias sobrinhas, falou em português e inglês, comentou duas heranças, várias receitas a preparar «da próxima vez», atestou amor profundo e sério a vários familiares, comentou o casaquinho de lã que uma tal Elvira trazia vestido, falou do sobrinho que vive numa certa cidade (fiquei a saber que é uma excelente pessoa, mas acho, intimamente, que engana a família toda), mencionou uma viagem na Páscoa — enfim, o que se passa é o seguinte: ela não se cala. Alguém conhece um método, eficaz e indolor, de interromper esta sequência de chamadas telefónicas sem ser arrancar-lhe o telefone ou gritar-lhe ordinarices? Já a olhei fixamente por cinco segundos, de olhos muito abertos; já me levantei duas vezes e fui até ao fundo da carruagem; já simulei uma tentativa de suicídio — ela continua a falar e acabou de marcar um novo número. Tem uma voz doce e insuportável. Não se cala. Por favor.

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10 comentários

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De Rui Cerdeira Branco a 29.01.2011 às 11:14

Espirre Francisco, espirre muito e ameaçadoramente. Uns gemidos de quando em vez podem ajudar. E tussa claro, muito.
Umas "cornetadas" com o nariz também pode ajudar.
Ou então... simule também uma chamada ou outra precisamente quando a senhora voltar à carga e fale alto,com muita gargalhada. Telefone ao senhor António de Sousa Homem que ele costuma ajudar os bons amigos nessas ocasiões ainda que não esteja certo de gostar muito de telefones de trazer no bolso. Enfim, revolte-se teatralmente, mal não há-de fazer :-)
Bom fim-de-semana!
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De ana b. a 29.01.2011 às 11:24

Caro Francisco,

ofereça-lhe um chá de camomila com uns três xanax dissolvidos. Vai ver que ela só acorda em Lisboa.
Ah! se não os tiver, pode sempre pedir a alguém nas imediações. Há sempre quem tenha!
Um abraço e boa viagem
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De Paulo Maia a 29.01.2011 às 11:29

Pior do que isso só um grupo de italianos a emborcar uísque num voo de 5 horas . Talvez a velhota fique sem bateria no telefone entre Leiria e Santarém. Boa sorte.
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De Lalage a 29.01.2011 às 11:48

É por isso que viajo sempre com tampões nos ouvidos ;)
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De A Monchique a 29.01.2011 às 17:19

O meu Caro Amigo já viu que se fosse em TGV a pobre da Senhora não teria podido por em dia a conversa ...?
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De Isabel O. a 29.01.2011 às 22:04


As minhas duas tentativas foram um insucesso. Da 1ª vez, num restaurante deserto numa terrinha do interior, uma senhora falava desalmadmente, incomodando-nos na refeição. O meu marido levantou-se e pediu-lhe (bem zangado) para parar de falar tão alto, já que nos estava a perturbar. Ignorou-nos olimpicamente e, com ar desdenhoso, ainda fez mais umas chamadinhas. Na praia, afastei-me da malta para estar mais sossegadinha. Pois foi para aí que um senhor resolveu ir falar da vida com um parente distante. Depois de tentativas mais subtis, como falar com a minha mãe em voz alta , acabei a ler para ela. Quando ele se calava,eu descia a voz, subindo-a irritantemente quando era a vez de ele falar. Não deu parte de fraco e continuou. Resolvi ir tomar um banho bem longo.
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De Monchique a 30.01.2011 às 18:12

Boa tarde. Pode-me fazer o favor de me dizer em que dias é o seu programa sobre livros na TVI24 e o site. Obrigado
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De Tiradentes a 31.01.2011 às 13:00

Caro FNV
Fique a saber que sou ateu consumado mas já tive de pedir perdão a Deus.
Numa capela na margem sul acompanhando quem uma missa seguia rezando, respeitosamente quase à porta me mantinha, quando o senhor padre pedia para rezarem com ele o Pai Nosso, (trim, trim) que estais no céu (trim trim)..uns segundos de espera e do meio dos crentes se movimenta um casaco de peles com todos os ruidos de apressada e atravessa a capela até...precisamente o local onde eu estava.
Os crentes e o padre continuaram o Pai Nosso apesar do trim trim subsequente apesar de em menor tom ouvirem, o que eu ouvia bem alto.
Em cima do casaco de peles estava um rosto queimado de rugas com uma cabeleira rígida de laca com madeixas que na porta da capela me vinha dizendo....que andava fugida.... que podes vir que a missa está quase a acabar mas que teria de fazer as sapateiras e o camarão porque ela não sabia.
Até aqui trocando uns olhares entre o triste e desostoso a dita cuja geronte deve ter pensado que um rapaz dos seus cinquenta (eu) estaria a admirar-lhe os dotes propondo que lhe passassem a receita das sapateiras.
Permita-me omitir o que se passou verbalmente a seguir, já que nenhum crente (talvez por isso) lhe disse nada.........mas eu disse.
E foi uma chamada de telemóvel que me obrigou ir pedir perdão a Deus.
Logo eu que sou ateu.
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De joão viegas a 09.02.2011 às 15:43

Provavelmente venho tarde. Para a proxima vez, saiba o meu amigo que existe um truque muito simples e infalivel, que funciona não apenas para a sua vizinha imediata, mas para toda a carruagem.

Pegue num objecto qualquer a fazer de contas que é um telefone (de preferência insolito, por exemplo o seu sapato), encoste ao ouvido e desate a dizer aos berros (mas aos berros mesmo) :

"Não filha, agora não posso falar ! Ja disse que não. Oh filha, vê se ouves o que te digo, não posso falar agora ! (mais alto ainda se puder) NAO POSSO FALAR AGORA POIS ESTOU NO COMBOIO E ESTOU A INCOMODAR AS PESSOAS? NAO PERCEBES CARAMBA ! TELEFONO-TE MAIS TARDE ! ISSO MESMO ! CIAO".

Não tem nada que agradecer, entre Viegas, temos que ser uns p'ros outros.
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De andreia am a 11.02.2011 às 16:01

eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh.

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