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Um dos argumentos para o despedimento de Manuel Maria Carrilho (a ser rotação, conviria saber-se para onde segue) será o de não ter cumprido à risca as instruções das Necessidades quando se tratava de, em Setembro de 2009, votar em Farouk Hosni para o cargo de director-geral da UNESCO. De facto, uma desobediência inqualificável — que foi combinada com o próprio ministro Amado; acabou por ser o número dois da missão de Portugal na UNESCO a votar a ignomínia. Porque, naturalmente, apoiar para o cargo de director da UNESCO um Farouk Hosni só se compreende do ponto de vista dos mistérios diplomáticos. Mesmo assim, como não se trata de petróleo da Líbia nem de pérolas de Caracas, teria sido conveniente que as Necessidades explicassem que virtudes viam num cavalheiro com aquele curriculum. E, se virtudes não existissem, então que fosse dito com clareza sussurrada, que devíamos qualquer coisa ao Egipto (uma passagem no Suez) ou que iríamos pedir qualquer coisa ao Egipto (um lugar na ONU). Compreendia-se. Já fizemos muito pior, embora votar em Farouk Hosni para presidir à inútil trapalhada da UNESCO não deixasse um rasto de glória nos corredores das Necessidades.
Portanto, se é esse o argumento, Manuel Maria Carrilho limitou-se a ser uma pessoa decente que não votou em Farouk Hosni mas deixou que o governo português apoiasse um anti-semita, censor e polícia para a UNESCO. Agora, se por cúmulo penal, lhe assacam culpas por ter denunciado o embuste do arraial tecnológico, além do programa das Oportunidades, merece que os seus argumentos sejam muito bem discutidos. Mas era mais fácil despedi-lo.
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