Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
De cada vez que regresso de Cerveira, Caminha, Moledo, Vila Praia de Âncora — um polígono estratégico da minha vida (Longe de Manaus termina em Vila Praia de Âncora, O Mar em Casablanca termina em Moledo) —, agradeço muito à palermice dos portugueses que vão para lugares onde se acotovelam entre nuvens de transpiração e mosquitos, e onde não podem respirar o ar do fim de tarde em Âncora ou nos pinhais e dunas de Moledo. Também mencionaria as «neblinas matinais» e o Forte da Ínsua visto do areal, enfrentando o monte de Santa Tecla. Fazem bem. Desta vez desci para Cerveira pela serra e, depois de uma tarde magnífica (apenas suspeitei, lá atrás, a ilha da Boega), fui levado por Caminha, Moledo, até Vila Praia de Âncora. Só faltou parar na feirinha para comprar travessas de barro, colheres de pau (que estão proibidas) e umas cutelarias de Guimarães. Depois, mão divina levou-me à mesa, para uns mexilhões frescos fantásticos (sem nenhum «molho à espanhola», apenas com limão, pimento, cebolinha e um fio de azeite), um polvo que não adivinha jogos de futebol, umas amêijoas robustas, tensas, que nunca fizeram regime — e um robalo pescado à linha. Podia dizer-vos qual foi o vinho branco, mas seria injusto e quero reservar umas caixas para a próxima temporada (divisei, mas não tive tempo para a função, uma garrafinha de aguardente, branca, puríssima, enevoada, que ia bem com o charuto). Barracas de praia no areal. Praças com esplanadas para beber café e Água das Pedras com gelo e limão. Jornais portugueses e estrangeiros. Gente nobre, luminosa e com quem dá gosto conversar, daquela que não se esquece. Histórias do Minho, do meu polígono estratégico. Moledo com a arte e a ironia de António Pedro. Folhagem de árvores junto da praia. Ide, ide, ide para as Caraíbas, ide para Punta Cana. Ide para longe.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.