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Que o primeiro-ministro e Passos Coelho se reunam, é uma evidência — era necessário, dado o tamanho da crise e o desnorte das finanças. Passos esteve bem, respondendo à letra — mas com actos — a Teixeira dos Santos, que se preparava para foguetório; Sócrates não tinha margem de manobra para recusar a visita. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Está bem que a fotografia dos dois, unidos para encarar o mal feito, fica bem para mostrar na imprensa estrangeira; mas os resultados internos ficam aquém do desejável. Não só os propagandistas do governo continuam a festejar o TGV, as obras públicas e as grandes realizações da legislatura (onde ficou dinheiro mal aplicado), como o anúncio da diminuição do subsídio de desemprego ou do corte do 13° mês a funcionários públicos não encontra a outra face — a diminuição clara das despesas do Estado. O optimismo é indecoroso: na semana passada, cortar mil milhões da despesa do Estado eram minudências, diziam os porta-vozes; esta semana, além de ter sido finalmente adjudicada uma nova auto-estrada de 1,5 mil milhões, o Estado continua sem abater um cêntimo à sua despesa. O argumento é bom: 75% da despesa pública serve para pagar ordenados. O ministro Teixeira dos Santos lançou o alerta laranja contra o ataque dos mercados; o eurodeputado Vital Moreira quer que os mercados partam os dentes, há quem pense que o Estado está empobrecido por causa dos mercados — mas dá a ideia de que, se não fossem os mercados, o optimismo histérico & propagandístico ia continuar e Teixeira dos Santos continuaria a vestir a farda de Mohammed Saeed al-Sahhaf. Portanto, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa: não chegámos onde chegámos só por culpa do «ataque dos mercados» ou da «conjuntura». Não tirem o cavalinho da chuva.
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