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Alice encontra-se hoje connosco no cinema – é um enorme risco, porque o livro de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, é um dos grandes enigmas da modernidade, erradamente apresentado como ‘literatura infantil’. Longe disso. A obra, que sobreviveu a todas as leituras, tanto serve para explicar cálculos matemáticos como dificuldades da filosofia; tanto ilustra a vontade de rebeldia, como mostra o ridículo da tirania. Imaginar uma Alice de Tim Burton é um problema, porque o melhor, em clássicos tão importantes, é apresentá-los tal como são, literalmente. É a única maneira de não os empobrecer. Veja-se Shakespeare: depois de cada ‘adaptação moderna’, é preciso voltar ao original, para reencontrar a sua grandeza. A grandeza de Alice é, precisamente, o inexplicável.
[Na coluna do Correio da Manhã.]
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