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As empregadas da perfumaria, a senhora do expositor de Tupperware, a loja das canetas que tem de vender tabaco para sobreviver, a simpatia do criado do restaurante que garante não ter tempo para ver televisão, chove no parque de estacionamento, famílias desfeitas por tão pouco. Devia existir aconselhamento psicológico nestas ocasiões, enquanto não vêm «as festas», prodigiosas e macilentas, quando se revê a família inteira, vícios antigos, cigarros na varanda, dorme-se muito facilmente. Devia haver acompanhamento, uns psis que contassem anedotas no intervalo das tragédias, ou que compreendessem os fenómenos da época: os eclipses, a mancha de neblina em redor da lua, os livros antigos e as selectas literárias, as ementas muito calóricas, os amigos que se divorciam e procuram casas nos subúrbios. Coisas para tempos de crise: bússolas que indicam o caminho que sai dos dois lados da vida e não empata o trânsito à porta dos centros comerciais nem nas estradas secundárias.
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