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Consolação.

por FJV, em 27.10.16

Sim, João Lobo Antunes (1944-2016) era um príncipe: um homem elegante e notável, um cientista de eleição que acreditava tanto na importância do trabalho disciplinado e coerente como na força da criatividade; uma alma generosa, cosmopolita e disponível, um médico que refletia sobre a própria natureza da medicina, quer em obras de natureza científica, quer em livros tão maravilhosos onde recolhia ensaios e memórias, como ‘Um Modo de Ser’ (de 1996), ‘Sobre a Mão e Outros Ensaios’ (2005), ‘O Eco Silencioso’ (2008) ou ‘Inquietação Interminável’ (2010). Neles era um escritor admirável, de uma elegância e subtileza raríssimas, mas também de uma erudição simples, discreta e amável. Não menciono a sua contribuição para a ciência – mas sei que a via como uma parte da nossa humanidade. Foi uma das pessoas mais belas que conheci. Sabia que vivíamos sempre em busca de consolação. 

[Da coluna do CM]

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Doutores.

por FJV, em 27.10.16

Pobre país de doutores, onde se fabricam licenciaturas a pedido e à medida, e onde a rapaziada tem de falsificar diplomas e mentir ao Diário da República para não fazer má figura. Um sacrifício cruel. E tudo isto para quê? Para que não baixem as estatísticas do número de licenciados produzidos em universidades da treta ou em cursos de ciências políticas e da comunicação (a engenharia eletrotécnica já é um caso bicudo, reconheço), um verdadeiro alfobre de talentos. Os rapazes, a bem dizer, são vítimas de um sistema cruel que até está disposto a baixar a bitola a fim de produzir mais licenciados. Deve ser isso que pensa o Bloco de Esquerda, que dá o assunto por encerrado em duas penadas e é bem capaz de recomendar apoio parapsicológico às vítimas. Acabei de ler o livro de um licenciado em engenharia, que se atreveu recentemente às minudências da ciência política (o tal alfobre) e até, ui, ui, da teologia: para valorizar a coisa, e fazer inveja a latinistas, cita do francês (hélas!) o texto de um teólogo brasileiro. Quando é para brilhar, qualquer manigância serve. Até dá gosto.

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