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Por motivos que não vêm ao caso, estive a reler Prazer e Glória, um dos grandes romances de Agustina Bessa-Luís. Há muito que não se fala de Agustina – mas devíamos lê-la mais; além de grande romancista (mas impopular) é uma das nossas maiores pensadoras. ‘Prazer e Glória’ faz um balanço antecipado da década de oitenta (foi publicado em 1988), tal como Meninos de Oiro (de 1982) foi o relato luminoso das euforias da década anterior. No caso de Prazer e Glória, o sismógrafo é Durba, uma mulher que tem de ser virtuosa às escondidas, num mundo de “vulgaridade, esbanjamento e erotismo” dominado pela conquista do imediato – a cegueira que toma conta das famílias, da relação entre pais e filhos, entre os ricos e o seu poder, os ressentidos e a sua amargura, os pobres e a sua miséria. Muitos temas que hoje são dominantes foram tratados por Agustina neste romance onde quase ninguém se salva; a onda de insensatez e ignorância, que tão bem descreve, ditou o fim da família, a vitória da depressão, a valorização de tudo o que é vulgar. Aprende-se neste livro: diante da barbárie moderna devemos ser discretos como o vento.
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