Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Empresários.

por FJV, em 08.05.13

Hoje, no Público, a notícia de que só 20% das empresas portuguesas (as PME...) geraram emprego nos últimos cinco anos. Um amigo enviou SMS: são as empresas que o Estado não ajudou a pagar salários, encontrar clientes, procurar novos negócios, voltar a pagar salários. Poucos dos senhores deputados que clamam por crescimento, crescimento, crescimento ou emprego, emprego, emprego, jamais teve o encargo de pagar salários. Anda se fossem obras públicas, para fazer negócios e assumir o papel de «facilitador»...

Autoria e outros dados (tags, etc)

El Calafate, Argentina.

por FJV, em 08.05.13

  

 

El Calafate, Argentina. Apesar da beleza natural, do glaciar de Perito Moreno, dos passeios pelas florestas ou no deserto, recomendo a leitura desta peça de Josefina Licitra (vários prémios de jornalismo, artigos publicados na Rolling Stone, vários livros, presente na revista colombiana El Malpensante, etc.): é ali que fica o segredo do regime de corrupção dos Kirchner. Agora que (apesar da sua tentiva de calar a imprensa) foram publicados novos documentos sobre a forma como Cristina Kirchner maneja o seu dinheiro (e até como o recebia dos guarda-costas de Hugo Chávez), o artigo publicado na edição de Abril da Piauí ganha ainda mais actualidade. No fundo, é do regime dos Kirchner que o Dr. Soares gosta muito. Devemos estar atentos.

Autoria e outros dados (tags, etc)

A morte lenta do chavismo.

por FJV, em 08.05.13

Artigo de Mario Vargas Llosa, «La Muerte Lenta del Chavismo» (no El Pais deste último domingo).

Versão no Estado de S. Paulo.

 


O presidente do Congresso iniciou a sessão retirando o direito dos parlamentares de oposição de se manifestar sobre a fraude eleitoral e ordenou que seus microfones fossem desligados. Quando os deputados protestaram, levantando uma faixa que denunciava um “golpe contra o Parlamento”, membros oficialistas e seus guarda-costas lançaram-se contra eles com socos e pontapés que deixaram alguns deputados, como Julio Borges e María Corina Machado, com lesões e edemas. Para evitar provas da arbitrariedade, as câmaras da TV oficial foram direcionadas oportunamente para o teto da assembleia. Mas os celulares de muitos participantes filmaram o ocorrido e o mundo inteiro tomou conhecimento da selvageria cometida, assim como das gargalhadas de Diosdado Cabello [presidente do Congresso] com o fato de María Corina Machado ser arrastada pelos cabelos e espancada pelos valentes revolucionários chavistas.

Autoria e outros dados (tags, etc)

O mundo avança.

por FJV, em 08.05.13

Felizmente que o mundo tem pessoas com juízo. Sobretudo na Suécia, onde o Vänsterpartiet (Partido de Esquerda) apresentou anteontem, no Parlamento, uma proposta para que os homens passem a urinar sentados. Não pensem os leitores e leitoras que se trata apenas de uma medida de orientação médica, destinada a evitar problemas na próstata, ou de pura higiene (sim, os homens são descuidados). Há outra razão: questões “de género”. As casas de banho deverão passar a ser unissexo para prevenir a discriminação sexual em que naturalmente assenta o facto de haver pessoas que fazem xixi sentadas – e outras de pé. Isto implica toda uma engenharia de natureza pedagógica, e as famílias devem, desde o início, insistir para que os rapazes se sentem para cumprir a inóspita obrigação. Quem não aceitar a eventual lei, terá de procurar uma casa de banho devidamente identificada para cavernícolas. O mundo avança. 

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Kierkegaard.

por FJV, em 08.05.13

Um dos seus livros, O Conceito de Angústia (havia uma edição na Editorial Presença), marcou o modo como toda a sua obra foi recebida no ocidente e, especialmente, em Portugal, onde o nome do dinamarquês Søren Kierkegaard, cujo bicentenário se assinalou no domingo, era frequentemente associado aos “estados depressivos” (um pouco como Camus, como se dizia no antigo liceu) e à profundidade da melancolia. Provavelmente, não poderia ser de outra forma, tanto simplificamos o que é complexo e difícil de entender. Formado em teologia e filosofia, a religião nunca deixou de ser o centro da sua obra, tal como a busca de liberdade em relação à influência religiosa (daí que a angústia possa ser vista, sobretudo, como a vertigem diante da liberdade). É enorme a influência de Kierkegaard no existencialismo, a corrente dominante na filosofia moral do século XX. Duzentos anos depois, continuamos a comentá-lo e a interpretá-lo.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Observações, 2.

por FJV, em 05.05.13

Há tantos comentadores televisivos, líderes da oposição e génios com soluções de algibeira, que seria uma pena o país não as aproveitar. O destino do governo, a partir de agora, é ser devorado lentamente, desmantelado até não sobrar senão a obstinação de dois ou três solitários completamente isolados, sem qualquer apoio. Mesmo que Marcelo tenha razão (televisão a preto e branco e a cores), trata-se de puro espectáculo, bom para ir fazendo humor negro. Esse espectáculo, penoso e degradante (para o  governo, para a oposição, para a troika, para o Presidente), só pode ser evitado de uma maneira. 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Observações, 1.

por FJV, em 05.05.13

Nas atuais circunstâncias, ou a coligação está unida – ou não vale a pena mantê-la só para produzir notícias. A declaração de Paulo Portas equivale a dizer, abertamente, que não concorda com as decisões tomadas pelo governo (e anunciadas pelo primeiro-ministro) e que, não satisfeito em ter esticado a corda no caso da remodelação, prefere também outras soluções para enfrentar a crise. Ou seja, por muitos prejuízos que a decisão possa causar ao país (e são muitos, sobretudo tendo em conta que o país é um protectorado sem dinheiro para pagar salários), é necessária uma clarificação

Autoria e outros dados (tags, etc)

Não se aprende.

por FJV, em 05.05.13

Deixem-me regressar a John Le Carré, cujo novo livro (A Delicate Truth) foi publicado em Inglaterra na semana passada – e sairá em Junho em Portugal. Recuemos até O Nosso Jogo publicado em 1995 (Dom Quixote), antes do 11 de Setembro e, sobretudo, antes dos recentes acontecimentos de Boston. É um dos seus mais belos livros, narrados pelo ex-espião Tim Cranmer. Pelo meio, uma história de amor entre a sua mulher, a bela Emma, e Larry Pettifer, especialista em assuntos soviéticos – desaparecidos. Tim sabe que, para encontrar um deles, tem de procurar ambos. É uma aventura perigosa que o leva até à Inguchétia, à Ossétia, às paisagens do Cáucaso e da Abecásia – e à herança histórica que atravessa toda a história da URSS, do estalinismo e das religiões locais. Os autores do atentado de Boston, que são chechenos, contariam histórias semelhantes. Mas, infelizmente, lê-se pouco hoje em dia, muito pouco. E não se aprende nada.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Kavafis.

por FJV, em 05.05.13

 

Quando falamos da poesia grega contemporânea é indispensável referir três nomes centrais, como Giorgos Seferis (prémio Nobel em 1963), Yannis Ritsos ou Odysseus Elitis (Nobel em 1979). Mas, sobre todos eles paira, tutelar, o de Konstantinos Kavafis, cuja obra não ultrapassa os 154 poemas (acrescidos de alguns deixados incompletos), que o leitor português pode ler em tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis (edição da Relógio d’Água). O seu mundo é o do Mediterrâneo, a sua língua é o grego moderno tingido da influência da poesia inglesa, o seu território é o da melancolia, a sua cidade é Alexandria, onde nasceu e morreu. A nostalgia que marca os seus versos vem da tradição clássica (até nos seus temas centrais, como a sexualidade), onde procurou as raízes de uma lírica cheia de penumbras e delicadeza. Completaram-se esta semana 150 anos sobre o seu nascimento e 80 sobre a sua morte. 

 

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Islândia.

por FJV, em 05.05.13

Embora povoada desde o século IX, a Islândia independente apareceu no mapa depois da II Guerra (com o apoio dos EUA). Nos anos oitenta, o país contava cerca de 200 mil habitantes (hoje 320 mil), a venda de álcool estava proibida durante a semana e não havia televisão creio que às quartas-feiras. Teve um prémio Nobel em 1955, Halldór Laxness (autor de O Sino da Islândia, obra-prima). Não é por acaso que produziu bandas como os Sugarcubes ou Sigur Rós, literatura como a de Yrsa Sigurðardóttir, sagas e mitologias, a poesia da Edda e o belo Hávamál. Num país que vivia da pesca e do turismo (com padrões elevados de qualidade de vida, mas também de sobriedade), as tropelias financeiras levaram o país à «falência». Essas tropelias e o endividamento excessivo eram um corpo estranho na ilha tranquila. Os sacerdotes do exemplo islandês não compreenderam que tudo tem a ver com o «modo de vida».

 

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Universidades.

por FJV, em 05.05.13

Houve um tempo em que a universidade era considerada uma espécie de muralha contra a vulgaridade, a ignorância, o lugar comum – e o lugar onde o conhecimento, o rigor e o estudo estavam em primeiro lugar. Este seria o retrato ideal, que nunca foi pacífico ou consensual, sobretudo na área das chamadas ciências sociais e humanidades, mais permeáveis à falsificação, à preguiça, à banalidade e às modas do momento. Nos últimos tempos, porém, algumas universidades defrontam-se com um problema acrescido: a credibilidade dos seus diplomas e do seu ensino. Uma classe política sem qualificações e sem vergonha (e sem pudor, sem vigilância, deixada à solta) apoderou-se de universidades privadas, fundou simulacros delas, ou comprou diplomas nos seus balcões. O resultado é uma devastação que devia ser investigada e revelada com urgência. Enquanto isso não acontecer, a suspeita, insinuante, continua de pé.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Doutor Spock

por FJV, em 05.05.13

O seu livro Meu Filho, Meu Tesouro, que acompanhou a educação de crianças de duas gerações, foi o livro mais vendido nos EUA depois da Bíblia – e o nome do seu autor, Benjamin Spock (nascido há 110 anos, cumpridos na sexta-feira passada), foi sem dúvida uma das personalidades mais influentes do século XX. O título original era The Common Sense Book of Baby and Child Care e descomplexava questões essenciais de puericultura, o que muito facilitou a vida dos pais nos anos sessenta e setenta, atrapalhados com os horários dos biberões, a frequência dos choros ou as febres ocasionais. Sem dúvida, foi uma revolução. Algumas das propostas de Spock, no entanto, tiveram consequências menos luminosas no comportamento das “gerações mimadas”, autorizando alguma permissividade e excesso de auto-estima. Seja como for, a ideia moderna de criança passa por esse livro que os pais de todo o mundo tiveram como guia.

 

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Há uma vingança do tempo.

por FJV, em 05.05.13

O papa mostrou-se chocado com o acidente que, no Bangladesh, vitimou mais de 400 pessoas que trabalhavam em improvisadas “fábricas têxteis”. Escravos na sua própria terra, as vítimas mereciam este e outros avisos, mais do que a lengalenga sobre norte-sul e ocidente-oriente. Nesses países, o trabalho escravo é a rendição de milhões de famílias. Explica-se. Na década de oitenta, o ocidente descobriu a “terceira vaga”, as novas tecnologias, o trabalho limpo, a indústria dos serviços. Para dar de comer ao mundo civilizado e cheio de iPhones, haveria sempre continentes pobres e escravizados e gente modesta a produzir alimentos e vestuário. Só isso explica, por exemplo, que uma vaca francesa obtenha, num ano, mais apoios da UE do que, em toda a sua vida, um agricultor da América Latina. Esta barbárie é pública e pouco estudada. Estão a ver por que é que a Europa perde em todos os tabuleiros?

 

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Jayne, Jayne.

por FJV, em 05.05.13

Fala-se demasiado de «beleza pura» – ora, Jayne Mansfield representa um dos maravilhosos vértices da «beleza impura». Não tinha, evidentemente, a «aura social» nem o talento dramático de Marilyn Monroe (ah, de quem todos os homens dependem um pouco), nem a sua melancolia – para o bem e para o mal. Convenhamos, também, que não há competição possível entre o rosto de Marilyn e as mamas de Jayne Mansfield: pertencem a mundos muito diferentes. Geralmente menciona-se Promises! Promises!, devido à sua nudez provocante (e por isso na altura censurado), mas eu gosto de a ver em Aconteceu em Atenas (de 1962, eu tinha acabado de nascer), um péssimo filme feito à medida dos fãs de Mansfield, onde a sua voz está melhor do que nunca e o corpo é uma poderosa linha de pecado. Morreu de forma dramática quando a sua vida entrava em declínio e em total série B, aos 34 anos. Se estivesse viva teria completado 80 anos.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Pág. 2/2



Ligações diretas

Os livros
No Twitter
Quetzal Editores
Crónicas impressas
Blog O Mar em Casablanca


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.