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por FJV, em 02.11.07
||| Ouro Preto, 3. Fórum das Letras.









1. Ainda há instantes, José Eduardo Agualusa e Cristóvão Tezza no debate sobre «A alma exposta: literatura, entrega, confissão». Tezza é autor de O Filho Eterno (edição Record), o seu mais recente romance, que acabei de ler: uma história comovente e autobiográfica sobre um casal que tem um filho com síndrome de Down.

2. Joana Oliveira está «ali» reunida com Marçal Aquino, dando os últimos retoques na primeira proposta do guião/roteiro cinematográfico de Longe de Manaus. Ao longo de seis meses, depois de uma primeira sessão no Cineport de João Pessoa, Joana trabalhou o romance com a supervisão de Newton Cannito. A «primeira apresentação final» do guião é amanhã, pelas 9h00.

Aqui, entrevista ao Estado de São Paulo sobre a edição brasileira de Longe de Manaus.

3. Hoje de manhã, às 10h00, justamente, pudemos rever O Mistério da Estrada de Sintra, de Jorge Paixão da Costa, com o guião de Newton Cannito. Sala de madrugadores (o Cine Teatro Villa Rica é uma sala à antiga) e aplausos no fim.







4. Miguel Gullander é o autor de Balada do Marinheiro-de-Estrada (edição Cavalo de Ferro, em Portugal) e, agora, de Perdido de Volta (edição Língua Geral, no Brasil). Ele é filho de mãe sueca e de pai português (em vez de luso-sueco gostamos de tratá-lo como escandaluso), mas viveu sobretudo em Cabo Verde e Moçambique e, agora, desde há mais de um ano, em Benguela, Angola. É o nosso autor heavy metal; aqui, na Praça Tiradentes, no centro de Ouro Preto.

5. Agualusa queixa-se de ter sido acordado por um galo madrugador, ainda mais madrugador do que ele, que acorda pelas seis da manhã. Eu acordei com sinos, sinos, sinos. É o Dia de Finados em Ouro Preto e os primeiros sinos tocaram às seis e meia.












6. A melhor das surpresas pessoais foi o encontro com Tony Belloto, o autor de Bellini e a Esfinge, Bellini e o Demônio e de Bellini e os Espíritos (que estou a ler agora, juntamente com Cabeça a Prêmio, de Marçal Aquino), todos publicados pela Companhia das Letras. Na verdade, eu já gostava de Belloto há muito, pois ele é guitarrista dos Titãs, uma das bandas de que mais gostei (sim, pop-rock, seja o que for), e casado com Malu Mader, que é muito mais divertida do que nos papéis que interpreta. Tony é um excelente escritor também, e um criador de boas histórias policiais com o detective Remo Bellini, da Agência Lobo de Detetives. Ontem, boa conversa e a hipótese de edição dos seus livros em Portugal. Domingo, participarei com ele e com Marçal Aquino no debate sobre literatura policial, moderado pelo Newton Cannito.

7. Em Longe de Manaus uso uma canção dos Titãs, quando Daniela e Helena se encontram em São Paulo: «Eu preciso de você agora, por favor não vá embora, o tempo vai passando nos relógios, encontro seus beijos a toda hora.» É «Toda a Cor», a canção. Eu ouvi-a muito em 2004. Nessa altura escrevi A Noite o que é?.

8. Marçal é o autor de Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios (edição portuguesa A Palavra, e brasileira na Companhia das Letras). Outros livros a não perder são Famílias Terrivelmente Felizes e O Amor e Outros Objetos Pontiagudos. Mas repare-se neste arranque de Cabeça a Prêmio (edição Cosac & Naify): «As coisas importantes ditas de um jeito prosaico. Brito estaa experimentando uma camisa no provador de uma butique masculina. Sempre pedia que Marlene escolhesse as roupas para ele. O rosto dela, só o rosto, surgiu entre as cortinas e ficou assistindo. Eles se olharam pelo espelho do provador. Me diga uma coisa, Brito: você é feliz? Ou infeliz? Ele colocou a camisa por dentro da calça. Viu que começava a criar barriga. As duas coisas, acho. Marlene degustou a resposta por um tempo. Daí, sorriu e disse, antes de seu rosto sumir entre as cortinas: Ficou boa a camisa. Brito e Marlene. Por que dava certo?»

9. Todas as tardes Luis Fernando Verissimo faz o mesmo passeio, junto da Praça Tiradentes. Como é que o mais bem-humorado dos escritores brasileiros raramente fala e raramente ri? É esse o segredo, precisamente. Conta-se que numa viagem de comboio até Cruz Alta, no planalto gaúcho, o pai, Érico Verissimo, lhe fez uma pergunta banal à saída de Porto Alegre. Ele teria respondido em Cruz Alta, horas depois.

10. Em Abril passado, em Salvador, Zuenir Ventura contou-me da sua nova reportagem, uma coisa totalmente inesperada: está a escrever sobre o funk carioca. Passou meses nas noites de funk, entre gangues. O livro vai sair. Mas em Abril de 2008 vai sair uma caixinha com a reedição de 1968, o Ano que Não Terminou, juntamente com um outro livrinho em que se fala do que se perdeu e não se perdeu dessa época. Sou de outra época, mas o entusiasmo de Zuenir é contagiante.
[FJV]

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